quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Os Argentinos

Mais uma crise mundial. E desta vez bem no alvo: nos Estados Unidos, que diz que dita a economia mundial. E o que aconteceu? O normal seria uma crise aqui na terra de Santa Cruz, mas foi bem diferente. Acho que pela primeira vez o Brasil, passou mais ou menos ileso desta tormenta. O que fazer? A classe operária vai ao paraíso e a classe média brasileira vai a Búzios, reduto do consumismo, das praias disputadas a palmo (não era temporada então foi tranqüilo), da moda (já adianto pra vocês a moda do próximo verão, para os homens a bermuda xadrez e para as mulheres sutiã taça ou de Bolo “bojo”) e da extravagância financeira.

Já no caminho por la carretera dentro do carro, debaixo de uma bela chuva. Estávamos a conversar (Eu e Norival companheiro de viagens) de outros veraneios, inclusive de um de 16000 km até a patagônia sur. Onde cruzamos de norte a sul e de leste a oeste o espaço territorial argentino, conhecendo um pouco de seus pampas, seus vinhos, seus glaciáres e suas parrilas, que por sinal nos inspirou a chamá-los carinhosamente de “parrilentos”, que traduzindo para o português seria “comedores de carne em excesso”.

Para quem não conhece nossos vizinhos, como era meu caso. Já se sai do Brasil com a impressão: competitiva, devido a rivalidade do futebol exarcebada e prejudicada pelo Galvão Bueno. Política, devido serem as duas maiores economias da América do sul e arrogante dos portenhos com os visitantes. Realmente os portenhos, que são aqueles que residem em Buenos Aires têm este perfil, mas executam até mesmo com os próprios argentinos do interior. Que é uma relaçãp muito parecida com a dos “gayuchos” de porto alegre ou dos “manézinhos” de Florianópolis com o “resto do Brasil”, por exemplo. E a rivalidade política deles se dá principalmente com o vizinho Chile. Então normalmente, você terá acolhimento nas cidades pequenas e será mais um nas metrópoles, claro, isto tudo com distinstos molhos de diferenças culturais.

Largando a antropologia de lado e voltando a viagem. Chegamos facilmente à pousada na península. Ao fazer uma vistoria técnica inicial pela a localidade, começamos a observar coisas diferentes: placas de torneios de rúgbi em espanhol, quadra de squash e muitos, ou melhor, quase todos que lá estavam hospedados hablando a língua da terra de Ástor Piazzola. Foi quando o dono, sujeito simpático e muito parecido com o maradona chegou com sua raquete e bolinha de squash nas mãos e se apresentou como Osvaldo, argentino de La plata nos deixou a vontade e a entender o ambiente. A vontade mesmo, pois daí pra frente no Desayuno, no saguão do hotel, na piscina, nos corredores só se falava o espanhol o que nos deixava a vontade para falarmos nosso português de maneira coloquial e sem ser compreendido totalmente pelos ouvidos vizinhos. Aí foi uma bela sucessão de trocas do “j” pelo “rr” de “papi” e “mami” maneira carinhosa como os pequenos chamam seus país, camisas do riverplate, sacos de mate, chinelos havaiana, além do desfile de elegantes trajes de inverno durante a noite e de roupas de banho desengonçadas durante o dia.

Búzios foi invadida! Na praia o idioma dos barraqueiros e dos ambulantes era o portunhol. Até mesmo os próprios ambulantes eram alvicelestes. Uma ex-moradora de El Bolson (serra argentina) que vendia bijuterias na praia, disse já serem cerca de 5000 peronistas morando no calor do litoral de armação de búzios. Asado, vino, tratorias, cafés, dulce de leche e até mesmo tango não faltam nas ruas empedradas de lá, só não chegaram a levantar bandeira e decretar estado de sítio, pois vi que a maioria dos habitantes ainda torcem para times cariocas, a deduzir pelos fogos de artifício do domingo a tarde e o jornal que circulava era “O Globo” e não o “Clarín”.

Posso ser sincero. Definitivamente os Argentinos são gente boa. Buenos Aires é a capital mais bonita e organizada da América do Sul, os homens argentinos (sou espada) são os mais elegantes e o Boca Juniors é o melhor time de futebol. Á, isto é claro, depois de Vitória, das mulheres de Castelo e do Itararé futebol clube!




Gilberto Granato.

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