segunda-feira, 29 de junho de 2009

33

A conheci tinha vinte e três,
...
...
...
Hoje chega aos trinta e três.
Difícil explicar as reticências
Que o tempo fez,
Assim nesta manhã
De uma só fez.
Com o nosso pequeno
Querendo subir a escada
Sendo que nem um ano fez.
Mas que fique registrado
Neste pobre português;
O seu corpo de anja,
A sua coragem,
E sensatez,
Que fizeram enobrecer
A alma deste pobre camponês.
(Que insiste em maltratar o português).


Gilberto Granato

sábado, 27 de junho de 2009

Homem rico

Pois é, você está lendo a grafia “times new roman” dele neste momento. De ontem para hoje ele não é mais o mesmo. Agora fica na frente deste computador (e amanhã já pensa em adquirir um novo), está pensando em comprar uma passagem na próxima semana para londres para ver partidas de Wimbledon, pois de uma hora para outra o vento abundou em sua direção. A partir de agora fará o dinheiro trabalhar para ele, amanhã decretará feriado, não fará mais a barba e fará questão de comprar o jornal de manhã cedo com o seu pijama descosturado bem naquele lugar que sempre descostura.

Você meu leitor classe média, deve estar pensando que este opulento aqui ganhou alguma herança, achou uma maleta preta cheia de dinheiro no banco de trás do táxi, que apareceu um óvni com um monte de zeros à direita na sua conta corrente, ou quem sabe faturou a mega sena acumulada e agiu discretamente assim como no senado, com um ato secreto para ninguém saber da sorte grande, não é?

Nada disto.

Acabei de chegar lá do estúdio e em meio a traças, baratas e um sereno de inverno, achei o Long Play mais vendido do mundo: “Thriller” de Michael Jackson de 1982 com pôster dentro e tudo, que agora vale ouro e com juros diários...

Im sorry Michael (in memorian)

Mas são coisas do Showbisness!

Thanks Tia...


Arawãkanto’i Tapirapé, lembra direitinho do clipe de “bad” no fantástico de 1987.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Excepcional

Isto mesmo. Tô lá revendo os gols de ontem do meu time do coração na TV (coisa muito comum ultimamente) e me vem a cabeça esta palavrinha: “excepcional”. Vou lá prontamente ao “pai dos burros on line” e ele me diz que nos últimos noventa e seis dias ela foi consultada mais de mil vezes! Poxa vida! Poderíamos até fazer um encontro excepcional com esta turma em comum! Que sua grafia foi alterada em acordo ortográfico em 1990, antes era “excecional”. Éh! realmente melhorou, ficou assim... é... é... como posso dizer... mais... excepcional oras bolas! Diz ainda que é adjetivo relativo a excepção, a ser excêntrico, anormal, pois é, também acho que escrever sobre isso é anormal, então escrever sobre ela é ser excepcional? Este meu jeito excêntrico de escrever ultimamente tem me deixado meio confuso.

Esta oxítona do além me fez sair do meu sofá e descer até aqui só para escrever sobre ela, então vou aproveitar e ainda procurar no “pai dos bobos” (internet), para ver o que acho: sim, tem costela excepcional, volta excepcional de corredor de fórmula 1, tem um português mostrando um jeito excepcional de construir uma piscina a baixos custos no quintal (já pensou a furada lusitana), beleza excepcional, como fazer uma conferência excepcional, tem até a música “una noche excepcional” de los náufragos, a missão excepcional de josé de nazareth, regime excepcional de aprendizagem, excepcional cobertura duplex, drenagem linfática preço excepcional, programa sexual excepcional para oferecer ao seu companheiro...

Na verdade meu intrigado leitor, o que achei excepcional mesmo é o que acontece por de trás da parede do meu televisor. Veja bem. Pelo que entendo (e entendo de pouca coisa nesta vida), Tudo começa com as emissoras de tv (que já deixam tudo bem explicadinho no nome) que mandam um sinal, que deve passar no meio de nuvem, avião, balão de festa junina, extraterrestre, vai saber, pro satélite (“ser” ao qual nunca fui apresentado), ao chegar lá, rapidamente (intrigante esse negócio da velocidade) passa por mais um monte até este intruso invisível chegar sem avisar e ser captado não sei como, por estas duas anteninhas quebradas e com os fios soltos ainda herança dos tempos de cerrado. E não acaba por aí não, depois começa a aparecer as belas imagens do meu coringão suando a camisa e vencendo um jogo da final, bem pra lá do meu sofá.

É excepcional como funciona este troço.

Né não?


Gilberto Granato

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Aula de culinária

Bom dia meus assíduos telespecleitores! ou seria ácidos? Bem não importa, hoje irei mostrar os segredinhos da cozinha de fundo de quintal, para se fazer um delicioso “Peéfê ao molho verde amarelô”. Prato típico do cerrado, que é degustado de terça as quintas somente na cantina do senado federal, então anote tudo bem direitinho que é prato chique, não vá perder um só ingrediente. Vamos a eles:

Para o “Peéfê”:
- passagens aéreas (sem limite de cotas) sem casca.
- verbas indenizatórias frescas.
- 300 gramas de nepotismo terceirizado cortado bem fininho.
- Carne de Mansão ou Castelo cortada em cubos (tire os nervos da receita federal).
- 1 kilo de diretores (é isto mesmo pode usar a vontade).

Para o molho “verde amarelô”:
- uma garrafa de uísque jack daniels.
- notas de cem dos impostos verde e amarelo.
- 1 lata de seguranças dichavados do senado.
- calcinha de rapariga executiva paga com cartão corporativo.

Como fazer:
Junte a família (ou a rapariga executiva sem calcinha, como quiser) em uma panela grande e vá para Paris com as cotas aéreas, enquanto isto deixe o número da conta corrente em banho-maria, até que as verbas indenizatórias fiquem bem cozidas, acrescente o nepotismo terceirizado e deixe derreter para ficar bem escondido no meio da massaroca toda, quando estiver formando um bololô só, aí sim acrescente a carne já temperada em cartório com nomes de parentes, aboque os diretores a gosto e deixe o pau, ou melhor, o fogo comer até a imprensa ficar ao ponto. Adicione os ingredientes do molho já refogados da noite anterior na panela (reserve a calcinha) e mecha por horas e horas extras remuneradas (de preferência em período de férias) sem parar, pois pode coagular, ou queimar o fundo. Depois deixe a guloseima descansar e ficar como está por muitos e muitos anos, só depois acrescente a calcinha com o lado íntimo voltado para a massa e deixe gratinar (dá um toque fromage) e Pronto, é só servir na hora do telejornal a noite.

Bom apetite!

Ah! E se ficar ruim, fala que a receita não é sua.

Você só copiou da internet.



Arawãkanto’i Tapirapé

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Carnaval na obra ao lado

Acordo um dia antes do feriado
E o pedreiro grita na rua ao lado;
Pedreiro fica feliz em dia de feriado.
Vai descansar as mãos do trabalho suado;
Vai ficar sem um pouco do seu trocado;
Mas vai ter tempo pro boteco ao lado
Que é cheio de trabalhador cansado
De tanto pegar duro no pesado.

Mas alegria de pedreiro dura “poco”
Pois logo logo volta o sufoco;
E ficará quieto ajeitando o reboco;
Rejuntando as gretas que tem oco;
Fazendo massa que nem bobo;
Aprumando o piso torto;
E assim arrumar mais troco
Para mais um feriado de mês novo.


Gilberto Granato
(acha que inventou o poema mini-saia, que é composto de dois estrofes iguais, mas de gostos "rimas" diferentes)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Anjo da guarda

Anjo da guarda segundo as crenças cristãs. Deus envia no dia do nosso nascimento para nos proteger durante toda a nossa vida. Ontem eu vi a do meu filho (pois aqui em casa quem protege os homens são as “anjas”) fazendo o seu trabalho direitinho. E a noite sob os lençóis de inverno eu vi a minha que há muito tempo não me topava. Mas deixa eu contar a primeira aparição.

Tudo aconteceu porque este benfeitor ainda em evolução cromossomial, por pouco não degola os dois pequenos e lindos dedos da mão do meu farofa. Já que, tentando sincretizar os fundamentos da biomecânica (sim “bio” tem vida no negoço!) do funcionamento dos carrinhos de passear, com o ato de fornecer um inofensivo suco de tangerina, acabou mexendo em uma alavanca (que deveria ter um adesivo colado “proibido para pais”), que acionou o degolador de dedos (dispositivo não mencionado na embalagem) que fez partir os quatro septos do coração deste pai vagabundo, inundando seu coração de remorso. Mas foi ai que entrou em cena a sua “anjinha”. Uma bela menina, de cabelos claros e olhos castanhos iguais ao seu, que prontamente surgiu e começou a assoprar o seus dois dedinhos, que em resposta começaram a inflar novamente e a se ruborizaram de vida, graças a Deus.

Mais tarde, já na cama. A minha que andava sumida há algum tempo reapareceu. Dá última vez que nos vimos, foi quando cortei o meu pé em uma festinha de faculdade, de lá pra cá, disse que eu não precisava mais dos seus serviços, já que nem as jararacas venenosas dos igarapés do rio papuri queriam minhas canelas. Então fiquei assim, um bom tempo sem “anja”. Mas aproveitou a brecha e voltou, e voltou mudada. Cabelos mais compridos, salto alto, com meias transparentes que terminavam nas suas coxas tonificadas pelo tempo, um short curto branco apertadinho tipo de ginástica, que mostrava a silhueta da pequena calcinha, Silicone nos peitos (só podia ser), cintura fina, bunda arrebitada, uma belezura! pensei: “vou me dar bem” (com anja não é pecado). Foi quando entrou um cara na jogada, pegou-a pelos braços e sumiu de meus sonhos...

Era Nelson Rodrigues.


Gilberto Granato.