sábado, 25 de outubro de 2008

Ao dia de Pierre Fauchard

Cedo nesta época e mais fresco do que a dias atrás, devido ao opinado horário de verão. Tudo propício para uma bela consulta matinal com a TV passando reportagens de reivindicações de moradores dos bairros das terras capixabas.

Um senhor com nome de mês entrou hoje no consultório. Que não nasceu em Agosto e nem é parente do Setembrino, muito menos do Outubrino. Chegou dez minutos antes do previsto. Era o meu primeiro cliente. O senhor “nome de mês”, chegou às três horas da manhã em Castelo, dormiu pouco. Tinha ido a capital trazer adubo inflacionado para um agricultor da região, mesmo assim, encontrou animo e achou importante ir cuidar de sua saúde bucal, que já estava precisando de uma reforma, já há algum tempo, ele sabe disto e não se preocupa, pois chegou a sua primeira consulta “fagocitado pela esposa”, se não fosse ela, ele não estaria ali antes das oito da manhã de um sábado de sol (A bondade das mulheres sobre os homens!). Já nas outras consultas sofreu mitose e foi sozinho.

O que o senhor “nome de mês” gosta mesmo aos sábados e de tomar umas cervejas e creio que durante a semana também, como já disse é um senhor, tem netos, anda como quer, já plantou suas árvores, já entende bem a vida, faz dela o que bem entende, é feliz. Deitou-se na cadeira e durante uma hora permaneceu serenamente boquiaberto, enquanto eu restabelecia o desgaste de uma vida mordida, doída às vezes, mas em que ele se manteve em pé, firme até aquele instante. Com certeza seus genes passarão para as próximas gerações, é um Darwiniano.

Após uma hora o senhor “nome de mês” levanta-se bem melhor, animado, já pensa na sua cerveja lá no seu boteco favorito e foi de lá que durante uma hora, lembrou de Ananás, que não é parente do abacaxi, muito menos do tupi guarani, apenas seu companheiro de boteco. Ananás como bom Castelense, vai ao boteco pelo menos quatro vezes por semana. Homem com poderes monetários, que segurou a esposa enquanto era munido de tal poder, fofocas baixas de boteco.

Certo dia, Ananás achou que era hora de recompor o seu sorriso, já era um homem só, precisava de outras formas de conquista, as mulheres sem o atrativo monetário, são mais exigentes. Foi ao dentista e colocou uma bela perereca, que não é o anfíbio, muito menos aquela que você está pensando agora. E voltou a sorrir. Foi o comentário do boteco, os dentes novos de Ananás!

O senhor “nome de mês”, passou a observar que o velho companheiro de esquina ao tomar a sua cerveja gelada da marca favorita, sempre a retirava antes, ela a perereca, colocando-a no bolso da camisa ou da calça, dependendo do traje. E aí voltava a ser o velho Ananás de antigamente ( com redundância por favor). Passaram-se dias, pois a conversa no botequim vai ficando “gasta” e ele resolveu perguntar o porquê de tal ato contraditório. Talvez a dentadura o machucasse? Não estivesse acostumado ainda? Tradicionalismo? Loucura?

Não, nada disto. O senhor Ananás apenas disse que desta forma, sentia melhor o gosto da cerveja!

Viva as cervejas de boteco, que fazem mais sucesso, que certas mulheres de boteco!

Ao Dia do Dentista!



Gilberto Granato

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