quinta-feira, 28 de maio de 2009

Encontro de turma

Pois é. Minha turma da época de faculdade resolveu que quer se encontrar. Sabe como é, lembrar daquela época, dos casos, das picardias, das efemeridades. E isto já faz dez anos... E se não é o “pai dos bobos” a hodierna internet para ajudar a localizar alguns desaparecidos, acho que não se encontrava mais ninguém neste Brazilzão cheio de dente furado e estrada de terra.

Fui atrás de uma cadernetinha preta, que me foi entregue nas vésperas da formatura, com os endereços e os telefones de contato. E hoje sem querer achei, e descobri que em dez anos, muita coisa da telefonia mudou. Ninguém tinha celular (existia mais era caro), os prefixos dos números mudaram e a arte da sacanagem das operadoras com os clientes fez pós-graduação em Harvard. Portanto se comparamos com a evolução da telefonia, já posso considerar que irei encontrar senhores e senhoras órfãos do orelhão.

Mas deixando o código da operadora de lado, obtive grande dificuldade de conseguir telefonar para alguns dos saudosos companheiros, foi um tal de “o número chamado encontra-se fora da área de cobertura ou desligado tente mais tarde”, que encontrei uma maneira mais eficaz e hábil de reunir esta rapaziada. Fechei um contrato milionário com a turma da globo e outros patrocinadores, para o evento virar um reality show tipo “pay per view”, valendo uma bufunfa preta pro ganhador, que poderá depositar tudo em paraísos fiscais sem imposto algum (tudo acertado com a receita federal). E desta forma se livrar de uma vez por todas das dores nas costas. E se isto não adiantar já ta tudo esquematizado com o pessoal da América do sul para dar uma "força literal", só o Hugo Chávez é que não deu resposta ainda, vai ser o “dia del embudo” ou seja, “dia do funil”.

Veja bem. A prefeitura de Guarapari, já está cavando uma grande cratera, ao lado do hotel onde será o encontro. Onde uma mega empresa de relações públicas Chinesa, cederá seus milhões de funcionários sem direitos trabalhistas, para que seja feito a triagem de todos os senhores e senhoras dentistas que caírem no funil (cedido por uma marca de cachaça que se sensibilizou com a causa). Isto porque no “dia del embuço” os compadres latinos, da patagônia à Guiana Francesa segurarão forte na borda do limite do território brasileiro e levantarão de uma só vez “igual tapete”, para que todos possam cair aqui no “funilzão da cidade saúde” como já está sendo chamado pelos turistas que visitam o balneário. Tem o risco de o funil ficar cheio e ter gente indo parar lá no mar, mas a marinha já foi acionada fiquem tranqüilos, vai dar tudo certo.

Mais prático que ficar ligando pro ocupado.

O Lula, a Susan Boyle e os Jonas Brothers já confirmaram presença.

Vai ser um Festão!



Gilberto Granato, também vai à festa, mas sem entrar no funil.

O casório

A família levantou com o canto do galo. Mas ainda deu tempo de tirar o leite da vaca, arrumar a cerca derrubada e colher cinco sacos de café enquanto a consorte se produzia para o casório, que estava logo ali... A duas horas e meia de distância e faltavam coincidentemente duas horas e meia para o matrimônio, o plano era ter meia hora de folga, mas as dúvidas em escolher entre o colar de bolinha verde e o outro, mudou a estratégia da equipe de uma parada no box, para nenhuma, (o que resultou em uma mijada pagã no pé da árvore em frente à igreja). Mas pelo que entendo de árvore acredito absorverá bem aquela uréia deseducada, diferentemente do olhar reprovador daquela senhora de cabelos pintados que passeava com o seu cachorrinho muito mais urbanizado que eu, um pobre homem da roça.

Chegamos junto com a belezura da noiva. Ótimo, pois assim ninguém viu a minha braguilha descusturada aberta. Fechei-a discretamente e entramos na Igreja “Rai-treco”, nome bonito que aprendi com o vendedor de parabólica lá na roça (que depois me disseram que a forma correta de escrever é high-tech), pois nunca vi na minha vida preto e branca de interior tanta tercnologia, vixi maria! Ar geladinho, sistema sórraund de som, banheiro difícil de dar descarga... Fiquei de olho esbugalhado no homem que tocava aquele violãozinho com o limpador de pára brisas (que depois me disseram que se chamava violino), que formosura aquela música iguarzinha a do rouxinol, só que tinha uns homi fazendo medição de terreno bem no meio da igreja (que depois me disseram que eram os fotógrafos) que insistiam em ficar na frente e que escondia os bonitos noivos que divião ser da televisão (que lá em casa pega meio esfumaçado e não dá pra ver os rostos), de tanto repórter em volta.

Tinha um senhor de pé lá na frente que tenho certeza que o conhecia lá da roça, já tomei umas branquinhas com ele, depois vou lá cumprimentá-lo. Até que chegou uma hora que fiquei meio cabreiro, precisou de umas tar de testemunhas pra assinar os paper daquilo tudo, fiquei esperando a chegada do delegado já meio preocupado de ter uma revista e acharem a minha garruncha e meu canivete na cintura, mas aí as testemunhas e os outros com aquele lenço no pescoço escondendo os botões da carmisa começaram a abraçar os recém casados, então eu me assosseguei, vi que era tudo amigo, aí os moço da medição, o tocador de pára brisa se alvoroçaram, igual os cachorro lá de casa quando sente cheiro de preá e achei que já ia começa o forrozão, só que a muié mais sabida que eu me puxou na hora, antes que eu convidasse as muitas cumadres vestidas de cor de capim (que só depois me falaram que era vestido verde kentucky, verde-mar, primavera...) para um forrobodó arrochado.

Só no fim fui lá cumprimenta o tal cumpadre em pé na frente.

- O cumpadre de que família é mesmo?
- O quê?
- Seu segundo nome faz favor?
- Eu toco piano.

Ah tá! Realmente não tem nenhuma família piano lá na roça não.

desculpa.



Gilberto Granato

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Sexo ágil

Mais uma vez surge mais um novo estudo comparando a inteligência masculina e feminina, isto por enquanto, pois logo, logo a turma GLBT vai cobrar os direitos de ser comparada separadamente. O novo estudo foi feito pelas meninas, perdão, por estudantes da Universidade do Rio de Janeiro. E a cada novel estudo é impressionante como a coisa vai se invertendo.

Até poucas décadas atrás não tinha esse negócio de comparação, estudo, pesquisa não. Era na marra, na força, no instinto e quem era mais inteligente era sempre o homem, mulher metida a esperta ia pro fogão, ou melhor, fogueira. Agora olha só como anda o troço. Este novíssimo estudo cor de rosa diz que na análise de 12 tipos de inteligência as mulheres ganham em nove? (já fiquei pra trás pois acho que só tenho uma). Diz que o homem tem maior compreensão do que a mulher na matemática (eu não sei dividir no papel até hoje), e que as mulheres tem maior facilidade de se expressarem pela escrita e fala (engraçado só conheço homens que escrevem), diz que “eles” têm maior capacidade de entender mapas e se localizar no espaço (Passo pela cidade vizinha cachoeiro de itapemirim há cinco anos e até hoje preciso de ajuda ao trafegar por lá), Elas por sua vez mais aptidão para a música, desenhos e usar os conhecimentos no meio ambiente (Geralmente toco o terror e pinto o sete no meio ambiente que tem umas cervejas), os homens se saíram melhor nas atividades que necessitam de força (aí já é sacanagem, precisa de estudo?), já as mulheres venceram no ato de equilibrar competição e qualidade de vida (Opa! este papel é meu aqui em casa). Sem falar naquele negócio de que a mulher pode fazer várias coisas ao mesmo tempo (E eu aqui escrevendo esta apreciação, escovando os dentes e arrumando as malas pra viagem de amanhã).

Fiquei grilado.

To achando que meu cérebro é feminino.

Mas eu sou espada meu leitor! Não duvides não hein!

Caceta.


Gilberto Granato

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Analogia da gafe sertanista com a gramática

Que uma das principais características culturais das tribos indígenas que habitavam as terras brasileiras na época do descobrimento era o cultivo de pimentas isto não tenho dúvida e foi lá com a indiarada durante alguns anos que fui aprender a mastigar a bichana E sem a malícia erotismo ou irritação cabida caracteristicas de seus outros sinônimos Em uma de minhas primeiras embrenhadas pelo território dos índios baniwas do rio içana afluente do rio negro estou lá sentado em uma velha mesa junto com mais uma meia dúzia de caboclos da região e seus traços nativos marcantes para um tradicional jantar a luz lunar aonde não pode faltar farinha peixe e a bichana é claro Aqui no sul no Brasil na república quando uma pessoa é atacada por ela (isto mesmo ela é tratada como marginal em muitos lares) todos ficam prontamente comovidos tocados com piedade mesmo do transgressor é aquela palpitada só depois da ardência igualzinho na hora de acender a churrasqueira onde todo mundo tem o seu piteco aí vem água quente gelada morna açucar café farinha passar os lábios no cabelo de alguém leite suco de laranja oração e mais um monte de crendices Mas na verdade que não adiantam de nada a ciência prova que tem é que aguentar o tranco mesmo ou evitá-la caso você seja do partido de oposição das poderosas primas do pimentão Mas voltando a mesa to lá animadão de participar daquela suruba gastronomica e tá uma delicia uma gostosura cada colherada é uma corisa (lá se come é de cúié) me deliciando com o caldinho que vai amolecendo a farinha ou o beiju tanto faz formando aquele pirão que vai cimentando as paredes do estômago oco do forasteiro até que Ai ai ai fodeu você morde a secular bichana bem no meio pela primeira vez inesquecível cultivada e aperfeiçoada há anos pelos tatatataravós daquela aldeia e agora ali bem em cima da sua língua o primeiro efeito é correr não sei porque depois gritar salivar babar ruminar perder o controle da bexiga e a partir daí entra-se em amnésia profunda não importa se tá frio ou quente se a calça caiu se a inflação subiu ou se estão assaltando a sua casa naquele instante foda-se e neste momento apenas a ignorância de um homem branco poderá te acudir com algum daqueles métodos falíveis já citados Depois de espernear enxugar as lágrimas insultar-se com palavras liberar endorfinas e dar aquele show gratuito jamais visto por aqueles brasileiros de pele acobreada você volta para aquela mesa antiga constragida por ver aquela barbárie e todos estão em silêncio mastigando tranquilamente as suas no fundo ultrajados pela indelicadeza do visitante que não teve modos a mesa um ato obsceno de um homem sem cor tolo etnocêntrico mal educado fútil então você se senta calado e inteligentemente vai tentando de novo de novo até algum dia poder sentar lá novamente e quem sabe ainda contar um caso No início é assim meu etiquetado leitor dá falta de ar nó nas tripas atrapalhamento das vistas igualzinho a ler esta crônica sem vírgulas parágrafos pontos finais exclamações reticências etc não é fácil não arde


Gilberto Granato é apreciador da murupi

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Choque

A consorte chegou em casa estes dias de raquete em punhos. Pensei que talvez pudesse estar-me incentivando a praticar o tênis, esporte que admiro, acompanho e sou meio frustrado por não ter tentado ainda, daria um ótimo jogador, com muitos erros não forçados, lobs nas costas e duplas faltas logicamente. Mas observei que aquele objeto raquítico, ou melhor, raquético, continha letras orientais, instruções em inglês e todo aquele acabamento que só os incansáveis sabichões chineses, taiwaneses, cingapureses... sabem dar. E que me colocou novamente em frente ao computador apesar de nenhuma boa invenção para esta minha dor nas costas.

Agora me veem com uma raquete para eletrocutar insetos? Olhei aquilo meio ressabiado, pois além do “bolsa formiga” que contribuímos mensalmente como já disse em outra crônica, novamente o PIB doméstico é desviado para o extermínio de artrópodes. E outra vez estamos aumentando o PIB dos orientais em vez do nosso. Fazer o quê os caras são gênios? Fui buscar a patente desta geringonça e nada, fui atrás do “made in” e nada, mas eu sei que é da Ásia, eu sei. Eles não colocam nada, pois sabem que vai quebrar daqui uns dias e aí não tem aonde rezingar. Confesso que até alguns dias atrás não tinha manuseado o cacetete, perdão a raquete, achei até um erro a aquisição deste inquisitor inanimado, mas me rendi a mais esta criação, que caiu como uma espada se samurai em minhas mãos.

Só a sua presença foi suficiente para assustar os voadores. Na hora do almoço tem sempre aquela mosca chata que quando afugentada, dá meia volta e pousa no mesmo lugar novamente achando que enganou a gente, sem saber do risco que esta correndo de ser estapeada. Sua vida fica a mercê da fome, do tempero da comida e do estado de espírito do Homo Sapiens que está com faca e garfos nas mãos. Mas quando a raquete entra em ação, já notei que tem muito inseto saindo de mansinho e se contentando apenas com o cocô da cadela no quintal. Lembrei-me dos bois que teem medo da cerca elétrica, dos fios de alta tensão sobre nossas cabeças, das tomadas. Todo mundo tem medo de choque meu aterrado leitor, até os subdesenvolvidos insetos.

Tá decidido que é só pra mosca e pernilongo. Não vale mariposa, libélulas e insetos terrestres em extinção. È também só para quem nos ameaça. Lei da reciprocidade, picou, posou, tomou. Estou ansioso pela temporada de moscas, que neste momento devem estar em Conferência extraordinária para decidirem seus novos rumos, ou as novas táticas de aproximação. Quem sabe elas não sejam chinesas, tailandesas, Hong Konguesas tipo exportação, só para alavancarem o mercado informal de raquetes?

Vai saber.

Mas até a reação insetívora chegar, fico aguardando a invenção da máquina de passar roupas. Esta sim, vai dar o que falar, em inglês e com letras orientais é bem verdade. Mas vai acabar com a ação de muitas donas de casa que dão meias voltas e sempre reclamam de passar as vestes.

Mas isto é uma outra história, ou invenção. O que vier primeiro!



Gilberto Granato, não tem aptidão genética nenhuma para passar as roupas.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Decida-se

Estava analisando a privada. Pois é, quem a procura analisa outras coisas (com vários sentidos, por favor). Mas o sentido em questão era o da tampa. Sim, com tampa ou sem tampa? Sempre usei com, mas a consorte herdou de seus descendentes o uso sem, foi uma controvérsia só aqui em casa, que ponderadamente usando de minha antropologia de meia-tijela, realmente notei que o trem tem sentido. Sincretiza a sovinice familiar dos imigrantes com a higiene. Ou seja, não se gasta com a tampa e não tem que limpar aquela espirradeira da macharada e a escatologia da criançada, pois só mulher sabe ir ao banheiro, o resto tenta até hoje sem sucesso.

E tá aí meu duvidoso leitor. Neste primeiro parágrafo toda a essência desta minha análise “tampiana” de início de fim de semana: As decisões desta vida! Todo mundo tem que escolher entre ter que abaixar e levantar a tampa, ou simplesmente não tê-la. E neste maroucismo teve gente que optou em ser de esquerda ao invés-de direita (com vários sentidos, por favor), os que optaram por bossa-nova em vez da tropicália, de usar o tênis com meia ou sem, crente ou ateu, ir pro mato ou ficar na cidade, tocar violão ou caminhar na praia por uma semana apenas, arquivar ou deletar esta crônica. Deu pra entender?

Tá rolando um churrascão dos descendentes de imigrantes lá na roça. Uma beleza! Sem tampa pra levantar e abaixar, higiene pura! Cheguei tarde em casa. É também opção chegar tarde ou cedo, entende? Então resolvi ficar escrevendo estas besteiras na frente do computador ao invés de ficar falando besteiras lá, após dar ou não descarga (é uma opção), entende ?

E você já se decidiu?

Só que depois agüenta o tranco ou as conseqüências, como queira.

Pois também se decide a palavra que se quer usar....

Deu pra entender?


Gilberto Granato
(Escreve no fundo, no fundo, com vontade de comer um tarugo de carne com gordura. Mas pode ser sem. È você quem decide.)

sábado, 2 de maio de 2009

O caso da vassoura

Notei esses dias. Que em cima de um banquinho destes de praça encontrava-se uma vassoura velha deitada, destas artesanais, feita de madeira e “mir de pinto”, assim chamado seus ramos pelos nativos de Castelo. Estava meio cansada da vida, quem sabe aborrecida por estar encostada, estafada de desabafar apenas com o pano de chão, afinal de contas, quem anda trabalhando muito ultimamente é o rodo, ou simplesmente cansou de ficar na área de serviço pendurada e resolveu viver sua vida mais ou menos como nós. E tenha optado como seu primeiro desejo repousar em um banco, antes de começar a tentar outras prosopopéias.

Perguntei a consorte e a emprega se a tinham colocado lá e obtive dois “nãos” como resposta. Então me pus a observá-la para ver até aonde este caso culminaria. Inevitavelmente veio a chuva e eu pensando que ela procuraria local mais seco para não molhar suas fibras e evitar um encontro indesejado com o rodo, engano meu. Permaneceu deitada apreciando os pingos daquela precipitação, removendo aquele montante de impressões digitais nada carinhosos de sua superfície, extraindo toda aquela poeira acumulada de meses, deixando-se apodrecer um pouco só para perder o costume. Devia olhar para o céu nublado a procura de uma estrela, ou talvez uma bruxa, pois desde a época medieval ela também serve de meio de transporte para ela. Pode ter sido isto, deve ter saído á noite com uma bruxinha pagã qualquer e de tantos devaneios e por já não ser tão jovem, a mandraqueira de chapéu deixou-a ali de castigo, ou de feitiço quem sabe.

Seu nome também alcunha animais, plantas, cidades ou até mesmo indivíduos mulherengos requestadores de mulheres fáceis, como diz o “pai dos burros” dicionário. Lembro até que ela é utilizada nas danças servindo de acompanhante para os desacompanhados, também serviu para açoitar os maridos bêbados chegando de madrugada em casa (hoje substituída pelos instrumentos perfuro-cortantes), para afugentar ou aniquilar (dependendo da intenção do usuário) os animais peçonhentos, amparando os mais baixos na busca pelo mais alto, benzendo, guardando segredos, no folclore: varra o pé de alguém para ver se casa? Deixe-a com o cabo para baixo, detrás da porta, para ver se a doce visita demorada e monótona não se lembra de fazer as despedidas e ir-se embora. Virou Nossa senhora da vassoura no Maranhão (devido a um popular cartaz de remédio que tinha uma enfermeira vassourando remédios inúteis), até o já ex-presidente Jânio Quadros se aproveitou dela como símbolo de combate a contravenção política e da luta contra a deterioração dos bons costumes.

Talvez esteja apenas enciumada com a inovação ecológica das vassouras pet ou com a tecnologia das elétricas que são ajustáveis, com reservatório e que já veem com suporte de parede, mas que dão problemas como tudo mecanizado e não teem a sua tradição, sua história, já falei, mas parece que ela não me ouvi, não sei se escuta, andar eu sei que anda, pois foi parar naquele banco. Definitivamente não consegui entender seus concretos sentimentos.

O tempo passou e ontem ela já não estava mais lá, perguntei a empregada aonde se encontrava e foi inevitável. Devido a sua ousadia, foi castigada. Uma mais nova “gostosona” e com tudo em cima está no seu lugar. E agora me deparo com ela na garagem (local mais temido pelos objetos desta casa). Andava meio que soltando o cabo da ponta (maior causa de óbito de vassouras) eu sei, meio gasta (era visível), babando tipo cachorro velho (preocupante!), já não removia teias de aranha como antigamente (agora ficará cheia delas), mas ir para garagem?

Foi um golpe duro demais.

Até pra mim que ando varrendo as boas idéias da minha empoeirada cabeça.



Gilberto Granato varre a casa de vez em quando.

3x2

Quarta-feira atlético leitor. Se você torce por um time de futebol que tenha boa zaga, meio de campo que toca a bola e um atacante que resolva o negócio. È dia de sentar em frente à TV e torcer por ele para quem sabe levantar algum caneco (com duplo sentido e com colarinho por favor). Agora se a zaga tá batendo cabeça, o meio de campo é pipoqueiro e o atacante só fica na noitada, provavelmente ele não chegou as finais de nenhum campeonato, então aproveite o tempo para terminar de ler aquele livro que está pesando as costas do criado mudo, ou coloque o sono em dia, pois o meu esteve seriamente ameaçado esta semana.

Tudo porque o todo poderoso Corinthians (meu segundo time depois do Itararé de minas gerais), vinha de uma série invicta de 25 jogos. E quando perdeu era o time reserva que jogava ou merecia ter ganho. Então estava mal acostumado, igual a marido que não precisa arrumar as malas antes das viagens ou colocar o cobertor aberto na cama antes de dormir (invejo isto), pois a consorte ta lá mantendo a invencibilidade. Sentei no sofá esperando mais uma boa atuação, para logo em seguida dormir com os anjos, pera aí, torcedor dorme é com as anjas, para amanhã poder ficar vendo os noticiários esportivos sem constrangimento algum.

E o Juiz apita. O time lá do Paraná pressiona. Èh! Futebol é assim mesmo, uma hora você é pressionado e outra hora se torna pressionador, nem que seja por alguns minutos. Mas esta hora não chegava e toma o primeiro gol. Você pensa vou mudar de canal, mas não. Torcedor que é torcedor apóia o time em hora difícil, e bola na cabeça.... E toma outro gol, acaba o primeiro tempo, aí você fica o intervalo todo, logicamente sem ver os melhores momentos, que na verdade são os piores do seu time, pensando em ir dormir enquanto há tempo ou esperar por aquela virada histórica e ver a história ao vivo. Opto pela segunda, e logo nos primeiros minutos... É gol! Mas do adversário novamente. Neste instante você sai do decúbito dorsal e se senta. A partir daí você pensa no amanhã como será? Há muito tempo não levava uma destas, respira fundo, começa a fazer calor (tá frio) e sai para tomar uma água ou tirar dependendo da descarga de adrenalina, para se possível na volta seu time tenha feito unzinho pelo menos, para te acalmar. E não faz. Seu sono já era, o que os amigos vão dizer? E a minha reputação de torcedor invicto? Dormir com uma goleada na cabeça? Agora é tudo ou nada. Começa-se um monólogo com a televisão em voz alta, bem alta, todo mundo dorme (sono profundo) em casa. É quarenta do segundo tempo e você tenta se enganar, que no jogo de volta dá pra reverter o resultado e tenta relaxar para ver se o sono vem, pois amanhã tem o trabalho, mas seu time começa a pressionar (lembra do início do parágrafo?). E aos 40 sai o primeiro, beleza! Você senta de novo, nada de água, nem para sair, nem pra entrar. Faz novos planos, prospecções, análises. E aos 47 ele faz outro. Aí você grita, dá berros, soca no ar, faz aquele dedo feio para os jogadores do outro time bem na tela da TV, euforia particular.

Meu time perdeu, mas submergiu honestamente, com dignidade, amanhã posso levantar a cabeça e respirar o ar da perseverança e aguardar um troco bem dado na próxima Quarta.

Só que amanhã já e hoje entende?

Futebol é foda!

E dá uma falta de sono...


Gilberto Granato.