sexta-feira, 15 de maio de 2009

Choque

A consorte chegou em casa estes dias de raquete em punhos. Pensei que talvez pudesse estar-me incentivando a praticar o tênis, esporte que admiro, acompanho e sou meio frustrado por não ter tentado ainda, daria um ótimo jogador, com muitos erros não forçados, lobs nas costas e duplas faltas logicamente. Mas observei que aquele objeto raquítico, ou melhor, raquético, continha letras orientais, instruções em inglês e todo aquele acabamento que só os incansáveis sabichões chineses, taiwaneses, cingapureses... sabem dar. E que me colocou novamente em frente ao computador apesar de nenhuma boa invenção para esta minha dor nas costas.

Agora me veem com uma raquete para eletrocutar insetos? Olhei aquilo meio ressabiado, pois além do “bolsa formiga” que contribuímos mensalmente como já disse em outra crônica, novamente o PIB doméstico é desviado para o extermínio de artrópodes. E outra vez estamos aumentando o PIB dos orientais em vez do nosso. Fazer o quê os caras são gênios? Fui buscar a patente desta geringonça e nada, fui atrás do “made in” e nada, mas eu sei que é da Ásia, eu sei. Eles não colocam nada, pois sabem que vai quebrar daqui uns dias e aí não tem aonde rezingar. Confesso que até alguns dias atrás não tinha manuseado o cacetete, perdão a raquete, achei até um erro a aquisição deste inquisitor inanimado, mas me rendi a mais esta criação, que caiu como uma espada se samurai em minhas mãos.

Só a sua presença foi suficiente para assustar os voadores. Na hora do almoço tem sempre aquela mosca chata que quando afugentada, dá meia volta e pousa no mesmo lugar novamente achando que enganou a gente, sem saber do risco que esta correndo de ser estapeada. Sua vida fica a mercê da fome, do tempero da comida e do estado de espírito do Homo Sapiens que está com faca e garfos nas mãos. Mas quando a raquete entra em ação, já notei que tem muito inseto saindo de mansinho e se contentando apenas com o cocô da cadela no quintal. Lembrei-me dos bois que teem medo da cerca elétrica, dos fios de alta tensão sobre nossas cabeças, das tomadas. Todo mundo tem medo de choque meu aterrado leitor, até os subdesenvolvidos insetos.

Tá decidido que é só pra mosca e pernilongo. Não vale mariposa, libélulas e insetos terrestres em extinção. È também só para quem nos ameaça. Lei da reciprocidade, picou, posou, tomou. Estou ansioso pela temporada de moscas, que neste momento devem estar em Conferência extraordinária para decidirem seus novos rumos, ou as novas táticas de aproximação. Quem sabe elas não sejam chinesas, tailandesas, Hong Konguesas tipo exportação, só para alavancarem o mercado informal de raquetes?

Vai saber.

Mas até a reação insetívora chegar, fico aguardando a invenção da máquina de passar roupas. Esta sim, vai dar o que falar, em inglês e com letras orientais é bem verdade. Mas vai acabar com a ação de muitas donas de casa que dão meias voltas e sempre reclamam de passar as vestes.

Mas isto é uma outra história, ou invenção. O que vier primeiro!



Gilberto Granato, não tem aptidão genética nenhuma para passar as roupas.

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