quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Vamos lá corruptos brasileiros


Vocês leram a seguinte manchete esta semana: “Brasil sobe no ranking da percepção da corrupção”, viram né? E acharam normal? Como estamos acostumados com notícias nada corruptas de corrupção!

Mas o que mais marcou a semana foi a convocação da seleção, a crise econômica dos Estados Unidos e as babás flagradas em filmadoras judiando de crianças, pois bem, aqui neste veículo de comunicação que não é sensacionalista e muito menos corrupto, esta informação não passará sem ser problematizada.O Brasil que no ano de 2001 era o número 46 da lista (quanto mais distante mais corrupto), passou para número 80 em 2008, ano passado éramos 72. Isto na Análise de 180 países. O que é bem próximo da totalidade do Mundo.

Porém o que realmente me comove nesta notícia é ver a desorganização dos corruptos de nosso País, que crescem de forma constante, mas lenta, muito devagar, vamos acelerar! Geralmente os indicadores de avaliação de como anda a economia, educação e saúde às vezes sobem, às vezes estacionam e algumas vezes dão uma caidinha (sendo bem brasileiro) e olha que é o objetivo de nosso País, melhorar estes índices para sairmos de uma vez por todas das malditas nomenclaturas: subdesenvolvido, 3º mundo, País em desenvolvimento, País emergente. Para que chegue o sonhado dia em que nossos descendentes lerão no noticiário que o Brasil entrou para o G13, junto com África do Sul, China, México e Índia. Claro! A Rússia não entrou recentemente? Não era só G7? Aí poderemos tirar o progresso fraseado em nossa bandeira e deixar apenas a ordem, para as coisas se manterem no mesmo rumo e em ordem, mas vocês corruptos brasileiros não vão deixar não é?

Vocês tem uma estruturada rede de organização que abrange 5.500 municípios, principalmente nas cidades com menos de 10.000 habitantes, onde não há água, estrada e luz. Já a muito tempo vem contratando mais profissionais, investindo em Marketing pesado nos telejornais e contaminando suas famílias com este sentimento nacionalista de corrupção, fiquei sabendo que até já existe um hino, que só é cantado após as 18:00 horas e nos fins de semana nos churrascos corporativos. Estão fazendo o certo, senão, daqui um pouco vão ficar que nem a Dinamarca, Suécia e Nova Zelândia, que ficaram nos primeiros lugares. Os corruptos de lá se acomodaram com o frio, deixaram a barriga crescer e esqueceram de agir. Deu no que deu. Até os compadres hermanos latino americanos como o México e a Colômbia pararam de crescer e estão atrás da gente rumo ao primeiro lugar é um absurdo! E a colômbia e seus cartéis? Agora querendo dar de bonzinho? O que é isto corruptos Brasileiros, marquem uma reunião urgente em Bogotá, inclusive com a presença da FARC, para render mais notícia.

Outra coisa que me chamou a atenção foi a nota dada pela Ong transparência internacional que fez o estudo. Isto mesmo, também é dada uma nota. No ano 2001 foi 4, já neste ano caiu para 3,5, o que é isto companheiros! A nota esta caindo, daqui um pouco vocês vão repetir de ano. Veja só, não Já acharam candidato a vereador que não sabe ler? Político que não reconhece a própria assinatura? O próprio vídeo? O próprio grampo? Teve até aquele que desafiou nossas inteligências ganhando centenas de vezes na loteria? Tem até deputado que não tem casa própria? Tá vendo eu já falei para vocês estudarem mais, daqui um pouco tá todo mundo reprovado. Vamos levantar esta nota! Liguem para as Associações, para as cooperativas, para a moçada dos “esquemas” para fazerem umas rodas de estudo, quem sabe uns aulões particulares com os mestres no assunto. Quem sabe com corruptos experientes do Haiti, Iraque, Somália que ficaram nos últimos lugares, lá todos têm mestrados e doutorados no assunto.

Só to falando isto, pois me preocupo com vocês. Não perco um noticiário. E quando vejo que um de vocês foi parar atrás das grades, ou são algemados, fico constrangido. Afinal de contas tanto esforço nas prefeituras, nas câmaras, no senado para acabar preso sem poder agir, sem desfrutar de todo o acúmulo de capital das negociações, das licitações, das solicitações? Que sacanagem! Vocês viram o Rafael Corrêa presidente do Equador, não viram? Já mandou a construtora brasileira Odebrecht sair de lá, pois estavam alegando corrupção de funcionários públicos e outros desvios. Estão querendo ficar mais ainda na frente de vocês, não querem que vocês encostem. Tá vendo, vocês já não são mais os mesmos, até no Equador vocês estão sendo descobertos. Quer saber de uma coisa vou é torcer pra outro time! E para um que ganhe de goleada!




Gilberto Granato

As profissões

Estava a pensar nesta classe: a dos profissionais trabalhadores. Que ao contrário de outras, dão duro no dia a dia, lutam para viver a fim de conseguirem melhores condições de vida e não desistem nunca, ou melhor, não podem desistir.

O objetivo de qualquer cidadão é buscar uma profissão. Alguns conseguem desfrutar do que realmente gostam, outros amargam uma rotina massacrante o resto da vida, alguns experimentam várias áreas até nunca encontrarem o que realmente tinham aptidão, tem aqueles que sem querer a acham e viram “pop stars” na sua ciência, tem os que vivem a vagar, serão estes os vagabundos? Tem os que produzem uma vida inteira e merecidamente se aposentam, sem falar nos que desempenham várias funções às vezes nem todas remuneradas, mas contribuem com o planeta e para o bem estar das pessoas de alguma forma, afinal de contas quem trabalha gera bem estar, seja ele econômico (ex: O PIB), político (ex: Associação de moradores), social (ex: músico saxofonista).

Tenho observado e pensado em algumas como, por exemplo, o Padeiro, que acorda 3,4 da manhã todo dia inclusive domingo. Enfrenta temperaturas altíssimas, que principalmente no verão devem chegar próximas à desnaturação protéica. É fácil reconhecê-lo nunca é visto á noite em lugar nenhum, pode ter sotaque português, está sempre de olheiras bem definidas e com a revisão do médico e do dentista atrasadas.

E a Desfiadeira. Que trabalho árduo. Fica horas quebrando o siri ou o caranguejo. E não pode deixar pedaços de carapaças, sob o risco de o comprador procurar uma mais habilidosa. É impressionante a rapidez e destreza na remoção da carne nas pequenas puans. Trabalho duro e talvez mal remunerado. É fácil reconhecê-la está sempre a sorrir. Adora uma câmera fotográfica, tem as mãos calejadas do trabalho, sempre está com um lenço na cabeça e seu marido é pescador e toma cachaça todo fim de tarde.

E o radialista. Tem que estar de olho nas frentes frias. Nunca atrasar um segundo, não exagerar na vida noturna, estar bem informado, água muito fria nem pensar, ter empatia e ter cuidado para não falar besteira sob o risco de tirar umas férias forçadas. É difícil reconhecê-lo geralmente atrás daquelas vozes lindas e melódicas, estão pessoas raquíticas, esquisitas, de anatomia difícil e bafo, isto mesmo, eles têm bafo e de onça! É assim também com os escritores, produzem belos livros, roteiros, peças e quando vamos vê-los, são personagens de filmes de ficção científica, olha o Mario prata, Paulo Coelho, Ziraldo, Jorge Amado, Fernando Morais pelo amor de Deus! Ambos profissionais não usam desodorantes (questão de princípios) e estão solteiros, podem já terem sido casados, mas estão solteiros. As mulheres não agüentam, acham que são vagabundos, pois só ficam na frente do computador (ou máquina de escrever) e acordam a hora que querem, geralmente trocam o dia pela noite, nenhuma mulher suporta ver a cama desarrumada.

O professor de auto-escola, que categoria instigante. Acham-se poderosos, pois a carteira de motorista é um rito de passagem para o ser humano. E eles muitas das vezes são os interlocutores deste elo de independência . É como aquele professor que dá provas difíceis, para atrair o puxa saquismo das alunas de saias, óculos e caras de santas da primeira fila. Estão sempre cansados, geralmente não terminam suas carreiras advertindo seus alunos das linhas amarelas, seu objetivo é ficar na sede da auto-escola ou do DETRAN atrás do computador no ar condicionado. Têm que ter paciência, geralmente não tem. É fácil reconhecê-lo está sempre dentro do carro da auto-escola, de óculos, no lado do carona com a mão na cabeça e o cotovelo na janela do carro, não demonstra entusiasmo e olha no relógio o tempo todo para tentar acelerar os segundos e o dia acabar logo. Fim de tarde toma sua cerveja no boteco preferido. Ou não casou ou já tem netos.

E o biomédico plantonista de urgência. Profissão estressante! (dá licença para eu citar o colocador de gesso, pois tem um agora aqui em casa, que vive na branca neve da poeira, odeia quem vai para Bariloche, tapioca, farinha de trigo e tudo o que é branco. Disse ser a pior profissão do mundo. Faz questão de dizer com orgulho que também é pintor.) voltando ao biomédico que pode ser o de ambulância também, já dorme pensando no outro dia, pois vai atender a tantas urgências (sempre tem a média diária) vai ver facada, tiro, traficante ameaçando, mulher depressiva, pois já é velha e não casou, nego que caiu do pé de goiaba, marido da categoria dos que não encontram sua profissão queimando a casa com os filhos dentro, aqueles que vão achar que ele é o culpado por toda a tragédia que aconteceu, sem falar nos trotes ou pitis. É difícil vê-los por aí. Fim de semana, quando raramente não estão de plantão, vão para um lugar isolado no meio do verde, não levam os celulares, buscam o conforto da família ou da televisão por assinatura e perdem a paciência com muita facilidade e estão indo ou irão ao psicanalista.

Deixarei os caçadores de cascavéis, limpadores de peixe, exterminadores de abelhas, recolhedores de animais mortos pelas ruas, degustadores de vinho os limpadores de esgoto, as figurantes de enterro e de lojas de shoping, os políticos e os jogadores de futebol para um outro dia, pois Fred 04 já dizia: A alma de um trabalhador é como um carro velho, só dá trabalho!



Gilberto Granato.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Não leia esta crônica


Isto mesmo, se você insistir em continuar lendo, primeiro vá procurar nas caixinhas dos armários, pergunte ao seu vizinho ou corra até a rua para estar munido de: pé de coelho, figa de madeira, espada de são jorge, vaso de cristal, terço, mudinha de arruda, trevo de quatro folhas, vela cheirosa, incenso, sal grosso, vinagre, fitinha do senhor do bonfim ferradura, água benta ou faça alguma simpatia cigana ou astrológica e não esqueça de bater na madeira três vezes antes de seguir em frente (e não vale fórmica).

Situações, são qualificadas como azaradas, azar ou "de azar" quando ocorrem de modo contrário à expectativa, ou quando provocam uma surpresa que resulta em um desastre, prejuízo, perda ou catástrofe. A palavra azar tem origem árabe “Azzhar”. É sinônimo de acaso. E esse tal de acaso que deve ser um árabe muito do sem vergonha, veio bater logo na minha porta aqui no sudeste do interior de um estado do Brasil.

Gato preto não vi? Não passei embaixo de nenhuma escada, os chinelos estão sempre limpos e virados para cima e juro que não pisei na borda do tatame, mas mesmo assim a urucubaca, má sorte, mau olhado, cafifa, mau agoro, peso, infortúnio, mandinga, sortilégio, caiporismo, malefício, desventurado, fardo, reves... peraí deixa eu bater três vezes na madeira deram as caras ou melhor deram ao acaso.

Estava tudo bem, vida normal, boa relação familiar, trabalhista e religiosa e de uma hora para a outra, os telefones ficaram mudos, passaram uns dias e a energia do andar de cima de casa (incluindo os dois chuveiros) pifou, foi á 220 volts, queimou um chuveiro e um rádio relógio (isto agora que já verificamos, pois na hora achamos ter queimado tudo, ficamos morando na parte de baixo da casa), a televisão por assinatura foi pro beleléu (que se os historiadores se esforçarem mais vão ver que fica na Arábia), o porta lixo da calçada enferrujou caiu, não vimos, e algum Árabe passou a mão, uma placa de marketing do meu estabelecimento, que fica em uma trilha para a roça também caiu. Provavelmente devido a um vento forte da península arábica ou possivelmente devido a ação daqueles bois sauditas coçando suas costas, minha chuteira rasgou, quebrei um copo, sem falar que estou constipado e cheio de catarro, é mole?

Não é duro, só não é tão duro como ficou aquele velho índio Baré lá da aldeia cué-cué no rio negro. Certo dia saiu de bongo (bote feito de madeira) e rabeta (motor de polpa pouco potente) e partiu a vagar pelo rio negro o tempo fechou, até aí tudo bem, nada de anormal em se tratando de floresta chuvosa, mas um belo e estrondoso raio caiu na sua cabeça! Foi socorrido, ficou de repouso, o pajé da tribo deu atenção e proteção extra, ficou bem, dizem que sua motricidade peniana e o seu vigor caíram um pouco, mas bem. Poxa! Um raio? Na cabeça! No meio daquele Matão cheio de árvores como alvos, é muito azar.

Passaram-se os dias e o velho Baré em mais um dia chuvoso, junto com a família, foi se deslocar a casa de farinha, provavelmente para se alimentar ou pegar algum objeto, que ficava atrás de sua casa, passou por um vão de 60 centímetros sob sua cabeça, que separava as duas (eu fui a sua casa e vi) e não é que nesta passada, foi atingindo por um outro raio! Isto mesmo leitor, um outro raio, pode dizer por aí que um raio cai duas vezes no mesmo lugar, sim! Só que desta vez ele não resistiu, a aldeia achou que era xamanismo, mudaram pra Colômbia e deixaram um outro pajé protegendo o local, que ficou um bom tempo abandonado.

Mas é certo que a obra deste tal de “acaso” passa, pois a vida é levantar a cabeça e seguir em frente com fé em Deus e na lei de Darwin, pois depois da tempestade vem a bonança, depois da chuva não vem o sol? As águas do rio não correm para o mar? Há males que vem por bem e barcos virão novas trarão! Enquanto a vida a esperança, por falar nela, peraí................ peguei uma moeda, sim uma moeda argentina, aqui na gaveta, é de 1 peso ou 1 sol, nela diz: union e libertad! Vou jogá-la para o alto, “cara” é o sol, e “coroa” é o brasão certo! Vou jogar no chão e testar a minha sorte ou o meu azar.

Lá vai......... ela caiu, meu coração acelerou, quero cara, quero sol, vou lá ver............ putz!!! Deu brasão (coroa). Vou tentar de novo quero cara novamente, joguei agora mais longe, vou lá ver................. putz!!!! Brasão de novo!!!! Peraí meu amigo leitor, vou tentar mais uma vez e continuarei com cara e jogarei lá na cozinha agora, lá vai............... vou lá ver............. Brasão pela terceira, minha nossa!!! É moeda argentina dá azar..... vou pegar uma de um real eu sou Brasileiro poxa... pera aí.......... pronto. Eu quero cara de novo (1 real) Brasileiro não desiste e o outro lado é coroa (rosto), vou jogar no meio das minhas mãos, lá vai....... vou olhar..... atenção: ÈEEEEÈÈÈEE..CARA!!!!!! È CARA!!!!!! Eu já sabia!!! sai urucubaca, sai mau agoro, vai azzhar vá de ré e não volte nunca mais, vá buscar outro pra encher o saco lá na Jordânia, no Kuwait, no Catar..... vai..... e não volta nunca mais.



Gilberto Granato

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Na cadeira do barbeiro


Hoje foi dia de ir ao barbeiro, mas nem sempre foi assim. Estava a andar de moto, olhei para a barbearia com a cadeira vazia e pensei: É agora! O barbeiro (que não é o do trânsito e nem o que causa a doença de chagas) Estava a conversar com outro cliente que rapidamente notando um novo freguês seguiu seu rumo. Colocou-me o avental: Está apertado? E preparou as tesouras e o diálogo...

Cortar o cabelo para um homem normal é um momento do acaso, geralmente a esposa, a namorada, a mãe, o amigo, o estranho na fila do supermercado é que deixam o lembrete: Seu cabelo está grande, hein? Pronto está na hora de cortar o cabelo. Quem corta o cabelo regularmente e ainda reclama dos milímetros que ficam tortos, são os solteiros, os velhos desocupados e os metrossexuais. Esta última categoria, por sinal, anda em crescimento acelerado, principalmente nas grandes cidades.

Todo metrossexual acredita em horóscopo, portanto para cortar o cabelo segue o calendário lunar e mensalmente apara as pontas, viu só? Eles tratam os cabelos como plantas! Baseiam-se na crendice dos salões, mas na verdade seguem a mitologia dos agricultores, estes sim verdadeiros homens, que só cortam os cabelos, quando as esposas ameaçam se separar ou quando as filhas resolvem arrumar um namorado.

Na infância (lá vai eu denovo, parece que estou no divã!) não ia ao barbeiro ia ao cabeleireiro (coisa de mãe) que é totalmente diferente. O assunto no salão não é futebol, mas sim as fofocas da vizinhança. Não se fala em política, mas sim no cotidiano das celebridades. Não se fala dos problemas da cidade, mas sim dos problemas do corpo humano. Ia com a cara fechada, para evitar qualquer possibilidade de conversa mais íntima com ele ou ela, como preferir. Ficava a lançar suas tesouradas e a esbarrar o seu corpo nos meus cotovelos, o que me fazia cruzar os braços e a dizer: tá bom... tá bom...já acabou? Mas o prelúdio de um corte de cabelo no salão de beleza, este sim, confesso, sinto falta, que era lavar a cabeça naquela cadeira acolchoada e reclinada, onde se passava primeiro o xampu e depois o condicionador, sob uma água quente. Eu torcia para que passasse o xampu duas vezes para que o ato demorasse o máximo possível, como era bom, qualquer hora vou a um salão novamente, sem cruzar os braços, pagar, só para fazer isto.

Mas os cabelos não param de crescer (dizem os estudiosos no assunto que cresce meio milímetro por dia) portanto passei por várias mãos (sem duplo sentido por favor). Na época de floresta, cortava de vez em quando, assim como a barba. Sempre que ia ao rio Aiari (afluente do rio Içana este por sinal afluente do rio negro) mantinha a “aparência” com um velho de uma aldeia chamada Uapuí Cachoeira, local de parada obrigatória, onde a equipe de saúde "respirava fundo" para transpor uma cachoeira. Fiz amizade com esse velho e observei que ele cortava o cabelo das outras pessoas de sua comunidade com uma tesoura velha remanescente talvez dos portugueses ou jesuítas. A partir daí, toda vez que por lá passava, cortava as madeixas queimadas de sol que ficavam condondidas pela tesoura cega e em troca ofertava dois pacotes de tabaco ao velho índio, que ficava a fumar todo satisfeito no entardecer.

Sentado no colega barbeiro (que tem este nome desde a idade média onde também fazia algumas amputações, sangrias...) conversamos sobre o papel do vereador, do uso maléfico ou não do malatol (inseticida) na comida, do prêmio acumulado da mega sena, do tempo (não podia faltar), me relatou a sua queimação na costela que só foi diagnosticada através de uma tomografia, falamos de corrupção e do futuro do país (com mais um cidadão nada esperançoso que sentou na entrada) e só fomos interrompidos por um bêbado que queria cortar o cabelo, que ouviu em resposta em bom som: Não corto o cabelo de gente que toma bebida! Atitude certa, coerente, profissional, honesta, firme, se não como é que o bêbado vai reclamar dos caminhos de rato depois? Já todo embriagado sem saber o que é certo e o que é errado?

Paguei. No barbeiro é sempre mais barato, se for com máquina então, mais ainda. Creio que desde a implantação do plano real em 1994 e pelo rumo da inflação só vai chegar na casa decimal lá pra 2038.

Me despedi, falei que uma hora dessas crio coragem para fazer a barba e combinamos de tomar uma cerveja e comer um churrasquinho na esquina qualquer dia destes. Na volta, fui à casa de minha sogra, ela olhou para mim, para a minha cabeça e com todo o detalhismo e minúncia de uma mulher experiente disse: Ué, você não ia cortar o cabelo?



Gilberto Granato.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O porta silicone

Caros amigos que ainda aturam o que escrevo. Vocês devem estar pensando que agora vou apelar para o silicone e pior, anos depois que virou moda (hoje é rotina). Que por sinal fez muito bem as mulheres e porque não dizer as “pessoas que vestem roupas próprias do sexo oposto”. Confesso que tenho a curiosidade, quase que acadêmica de tatear uma prótese de silicone “in vitro”, mas a minha geração, chegou um pouco tarde.

Eu, por exemplo, só tenho uma chance. Que minha esposa, um dia se interesse ou se influencie em colocar um (que na minha visão de homem moderno, sua região recôndita vem mantendo uma resistência física impressionante, ainda mais agora hormonalmente abastecido). No mais, as minhas chances se limitam a uma “esbarradinha” despretensiosa (respeitosa é claro!) em um carnaval desses por aí ou quem sabe na fila do... do....do... Isto vai ser mais difícil, pois não enfrento filas. Quem sabe eu ainda não desfile na Portela? Fica melhor assim...

Silicone no dicionário é: designação genérica de várias substâncias plásticas sintéticas derivadas do silício (formadas por átomos de silício e de oxigénio) e que tem larga aplicação como: lubrificantes, isoladores eléctricos, no fabrico de ceras, polidores, vernizes e próteses! Olha ele aí. Podemos exemplificar e acrescentar: os silicones de sutiã, tatuagens de silicone, formas de pudim de silicone, silicone em spray para esteiras ergométricas, capa de silicone protetora para ipod.... Os silicones da categoria “lubrificantes” são inesquecíveis. Os amantes de carros usavam ou usam ainda no volante e painel a fim de.... de.... de o quê? De dificultar a direção e causar náuseas em quem entre no carro fechado, principalmente no horário de pico de sol.

Mas o “porta silicone” em questão é daquele silicone de construção civil, de acabamento de interiores de casa, para evitar a infiltração de líquidos, sabe? Lá no seu banheiro, ou na sua pia deve ter em algum. Nas juntas do encanamento ou provavelmente no box ou na banheira, vai lá procurar eu espero. Ainda falando em silicone (é um assunto polêmico daqui um pouco eu falo do “porta” do título). Na infância, quando os “colocadores de silicone” foram na minha casa, para impermeabilizar as peças de mármore que ficavam nas janelas para evitar infiltrações da chuva. Quão espantado fiquei com aquela nova tecnologia! (pelo menos nova para mim). Quando os amigos vinham me visitar, era imperativo apresentar-lhes aquele composto de átomos de silício e oxigênio e ficávamos encantados a beliscá-lo. E ai, de quem ousasse arrancar um só pedaçinho! Era ouro!

Na sua casa, dependendo da ação da natureza e da sua preocupação, com certeza, em algum momento da sua vida: uma pia vazou, uma telha trincou a junção telha/parede separou (igual uma placa tectônica). O que nos leva, autodidatas nas tarefas da casa que somos a ir a uma casa de material de construção, para escolher a nossa substância plástica. Os maiores tubos (elastômeros) vão precisar do “porta silicone”. Que além de substantivo composto sem hífen e um objeto parecido com uma pequena metralhadora e que auxilia no uso muitas das vezes “remediativo” do material elástico.

Há uns tempos atrás, fui lá no porão procurar uns desses, para uma destas situações críticas. Tinha dois, da cor de um pé de moleque e ao microscópio, lotados de bactérias “clostruidium tetani”, o êmbolo mal mexia. Digno de um filme de Zé do caixão. Joguei-os fora e fui comprar outro, agora sim, amarelo, moderno, poderia muito bem enfeitar a recepção de um ateliê de um artista plástico. Usei e o guardei com todo carinho dentro de casa (comum com tudo que é novo). Estes dias, ao ajeitar umas prateleiras na garagem. Quem eu encontro? Meu velho amigo “porta silicone” ainda amarelo (alguém sem coração o tirou do quentinho do lar e o colocou embaixo da ponte). Seu êmbolo já mostrava sinais de artrose, emperrava um pouco, mas com força ele ia em frente. Dei uns tapinhas nas suas costas, para encorajá-lo e deixei-o no segundo degrau da escada.

A semana passou, todos passaram por ele e o máximo de atenção que teve, foi evoluir e chegar ao sétimo degrau. Passo por ele pelas manhãs e penso que deveria ter uma associação dos Portas Silicones em Desuso (APSD), para desenvolver atividades paralelas com eles como: preenchimento de bancos de praça, arrematar parafusos ou pregos em telhados de periferias ou quem sabe ajudar a isolar os grampos telefônicos dos gabinetes dos parlamentares do senado federal, que andam preocupados com suas privacidades.

Mais uma semana passou. E o máximo que ele chegou, foi ao nono degrau. Foi por pouco! Faltavam apenas três degraus, para quem sabe ele voltar para dentro do lar ou para um local mais nobre, quem sabe um outro lar? Nova família, novas funções? Mas seu destino foi trágico e digno de pena: voltou para a prateleira suja e cheia de teias de aranha da garagem, para continuar o seu “enferrujecimento” e fazer companhia novamente ao litro de óleo lubrificante de motores a diesel, a lata de graxa e a lata de cola de sapateiro (uma moçada barra pesada). Pelo menos quando vi. Ele estava conversando com os vasos de planta vazios e os jornais velhos (que são mais camaradas).

Definitivamente, quem inventou o “porta silicone” não é um gênio. Preocupou-se apenas com os seus bolsos e esqueceu de melhorar a qualidade de vida deste objeto tão simpático. Só de raiva, na próxima vez que o cano vazar, vou usar um “durepox” ou melhor vou deixar a água correr solta, leve e livre!



Gilberto Granato.

sábado, 13 de setembro de 2008

Invadiram o morro!


Depois do almoço o ar seco e o vapor quente desta massa de ar também quente, que está estacionada em cima de nós (com certeza lá não se cobra estacionamento). Tive a nítida impressão de que os seres humanos (eles novamente) estavam escondidos em suas tocas, mas aos poucos eles foram chegando...

Uns a pé, outros de carro, sozinhos, em bando, uns de chinelo, outros descalços, uns de boné, outros sem camisa. foram subindo o morro da formiga e rapidamente pegando linha, serol, papel do “tropa de elite” e soltando as rabiolas (sem duplo sentido por favor). Eram eles mesmos, os incansáveis pipeiros de Castelo, passando o tempo, a fome, a preguiça, a adolescência rebelde, a adolescência perdida, empinando dezenas de “losangos voadores” a mais de trezentos, quatrocentos.... quem sabe mais de quatro mil metros de altura, pau a pau com La paz. E assim como o nosso país vizinho, proporcionando problemas civis de grande proporção, no meu caso a constante falta de luz...

Semana de trabalho, com direito a falta de água na quinta-feira (e falta de banho), devido a forte influência da estiagem que já começa a incomodar, e muito! Chega sábado, você ainda faz a hora extra no serviço e quer chegar em casa descansar e colocar suas habilidades ou inabilidades paralelas para funcionar...

Mas aí, uma infame pipa desgovernada aterriza sobre os postes de alta tensão e no meio de um bela entrevista na Tv a energia vai embora. E pronto, a calma se esvai. Será que foi Estresse? Li hoje, que as classe D e E são as que mais sofrem os efeitos do estresse, A pesquisa foi feita avaliando a taxa de cortisol (hormônio liberado nestas ocasiões). Eu sou da classe V, de vermelho de raiva, de vai a....., de vai pra...... Deixa pra lá. Já tava quente, seco, com fumaça (algum pai de pipeiro colocou fogo no terreno baldio lá na rua) e agora sem luz. Pensei se não era melhor ter pelo menos a visita úmida do furacão "Ike" que anda lá pelo Texas afastando a ação do pipeiros americanos.

Liga pro gestor da luz, dá sugestões, tira os eletros das tomadas e paciência. logo, logo o Jipe com aquela escada gigante no teto chega. Que alegria! E não demorou muito, que eficiência, deveriam ganhar dobrado, triplicado, licença a paternidade de 6 meses, vale refeição na churrascaria e entrada gratuita no cinema com direito a pipoca. Eles erguem um grande pau (sem duplo sentido por favor), como se fossem pegar mangas e minutos depois...Eh!!!! A luz volta, o cortisol abaixa e você até faz uma carinhosa análise antropológica dos soltadores de pipa.

Pega pincel e tinta, com pitadas ansiolíticas de Bob Marley e MPB 4, e goles homeopáticos de um gelado suco de cevado e fica a ver sua esposa descobrindo no meio do caderno 2 o “Sudoku” (sem trocadilhos por favor) e notar que os japoneses é que têm razão em tudo que fazem. Inventam várias ciências e passatempos para manterem a calma e esquecerem dos pipeiros orientais, que por lá devem ter pipas de última geração. E não é que até uma brisa fresca, talvez vinda lá da península de Magalhães veio dar o ar das graças ou veio de graça?

Nada como uma pipa após a outra!



Gilberto Granato.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Nota de falecimento


Amigo cristão. Nem só de alegrias vive um homem. As encruzilhadas da vida aparecem para que aprendamos a trilhar um novo caminho e a seguir em frente, claro, analisando bem as curvas e parando sempre que for preciso. Porisso respire fundo e procure desatar o nó da garganta (se ele vier) caso o caso (que casamento de palavras) que aconteceu hoje na minha casa, lhe cause perplexidade e sofrimento. E que a hipérbole desta introdução, assim como, as gangorras da vida: Em que uns vêem e outros vão. Tornem-lhe mais forte e sábio.

Aqui no morro da formiga, procuramos agir corretamente com a natureza, pois ultimamente ando achando que este mundo uma hora vai acabar. Não é possível! A nossa Mãe (Mãe natureza) resistir por muito tempo a tanta poluição que lhe é jogada em suas artérias (rios), a fumaça contaminada que chega aos seus pulmões (ar) e as mentiras e besteiras que os políticos vêem emitindo no horário eleitoral nos seus ouvidos (terra).

As cascas cortadas dos legumes e verduras do dia a dia em nossa casa. É separada em uma cumbuca pela nossa querida “maratimba” (termo usado para quem nasce no litoral sul do Espírito Santo) empregada Ciane, para posteriormente ser jogada nos vasos de plantas da casa e desta forma deixarmos um pouco do lixo longe dos ouvidos de nossa Mãe.

Este ato, sempre causa alguma benevolência em reciprocidade, vindo dela mesma, a nossa Mãe. Em um vaso marrom lá em cima, na curva da casa, onde já abrigou várias espécies de plantas e devido ao vento excessivo, sempre tiveram dificuldade em prosseguir sua vida vegetativa. Brotou um pé de tomate, sim um belo pé de tomate, semente levada dos restos de um outro tomate bem vivido, que quando é pequeno lembra a melancia, mas como não me recordo de ter jogado cascas de melancia pela casa, só poderiam ser tomate. Que foi crescendo, ou melhor, descendo pelo vaso até tocar o chão, recebendo água duas vezes por semana, adubo na concentração certa e uma vigilha destraida, para que a atenção excessiva não o envaidecesse. Suas flores abriram e os pequenos frutos começaram a nascer. Tudo isto, sob os pés e o olhar atento de um pé de araçá, que vem progredindo bem perante a brisa nervosa.

Em uma olhada matinal. Encontrei três belos tomatinhos vermelhos e maduros, que ficaram da metade do tamanho de um normal, destes de feira. Levei-os, lavei-os, louvei-os carinhosamente e os coloquei na geladeira, para que repousassem depois de uma vida árdua e extremamente competitiva.

Ao passar minutos depois pela cozinha. Lá estava nossa amiga maratimba, que os aguou por meses, com dois exemplares da moderna agricultura orgânica nas mãos para um assassinato em plena luz do dia:
- Você vai cortá-los Ciane?
- Vou.
- Não vai te dar tristeza?
- Nem uma quantidade.
- Vai cortar o com talo ou sem talo primeiro?
- O sem talo.
- Com faca lisa ou com serrinha?
- Com faca afiada, para não sentirem dor.
- Você já pensou na família deles que está no vaso?
- Pensei, agora me deu pena.
- E o outro tomate?
- Ficou na geladeira é para a Mítian comer mais tarde.
- (poderá aproveitar mais a vida)
- Você vai fazer molho?
- Não é salada, você vai ver ele ainda!
- Você vai comer ele?
- Acho que não.
- Porquê?
- Sei lá, Jesus Cristo.
- A que horas você vai cortar?
- Agora, lá vai heim!!!
- Espera, vou fotografá-lo.
- Quanta falta de serviço.
- Fac, fac, fac.....
- Agora, já vai o outro!
- Fac, fac, fac.....
- Pronto, morreu, acabou.

Na hora do almoço, em clima de velório. Comi seus avermelhados restos, saboreando o seu gosto cítrico da frescura de seus fluídos e da pureza de sua vida saudável sem agrotóxicos. Me senti um agricultor da Rua Marcelino Ambrosim, nº55, enquanto a fatiadora de tomates enchia seu prato de arroz e peixe.

Ai, se ela comesse os tomates. Aí sim, ela ia ver o que é bom pra tosse ou melhor má digestão pra tosse!



Gilberto Granato.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A Fuga


São Félix do Araguaia, nordeste do Mato Grosso, próximo das divisas do Pará e separado pelo rio Araguaia, do estado de Tocantins. Para chegar lá. É necessário um bom preparo físico e rodar mais de 300 Kilometros de estradas de terra (que no mapa está asfaltado coisa dos nossos políticos), com os devidos buracos, as devidas “costelas de vaca” (aquele tipo de mini-quebra mola consecutivo e infinito), suas pontes de dois troncos de madeira, onde se passa só o motorista rezando e que é constantemente invadida e interrompida por movimentos de sem terra (MST), pois ali eu conheci a má distribuição de terra.

Você caro leitor, pode escolher a melhor época para uma visita. Não existe as estações do ano como conhecemos, apenas a época seca e a com chuvas. Durante 8 meses não chove uma gota. Poeira...poeira... você vira o “homem poeira”, acostumará a tomar banho (quando tiver água) e ver aquele caldo de “café com leite” descendo pelo ralo todos os dias. As queimadas do cerrado para a monocultura do gado e da soja, neste período são constantes, então vá se adaptando com a idéia de respirar fumaça o dia todo e não ver o outro lado do rio Araguaia (por sinal um belo curso d’agua que merecerá uma menos árida história). Ou então vá na temporada de chuvas e vá se habituando a ficar atolado nas estradas (ou ficar bloqueado por um outro atolado), a tirar a lama dos sapatos e pisar em poças de água (realmente não tenho perfil para secretário de turismo de lá).

Tivemos (Eu e Xibé) dificuldade para conseguir uma moradia na cidade de cerca 10.000 habitantes. Morei (cheguei primeiro para estudar o terreno) uma temporada na casa de Leila, Paraense e chefe do projeto que trabalhávamos. Pessoa decente, amável e hospitaleira. Naquela casa, vi pela primeira vez um “dono de casa”, isto mesmo, quem cuidava da casa era um travesti, que não era por isso, menos decente, amável e hospitaleiro. Quando achamos a muito custo (em todos os sentidos) um teto. Foi uma casa alugada ao lado do locador (isto nunca dá certo). O protagonista desta história, Seu Edigard o “homem do Araguaia”. Homem que tem as características físicas de um cidadão daquela região: pele escamosa, igual de cobra para conter a transpiração e armazenar água, gene recessivo (porção do cromossomo) para os pêlos do corpo, principalmente nariz e ouvidos, que formavam uma verdadeira touceira de cebolinha a fim de protegê-lo da poeira e da fuligem, nariz achatado do “homem de Neandertal” e brânquias atrás das orelhas (isto não consegui ver) para facilitar a respiração, timbre de voz igual do “sinhozinho malta” lembra? Protagonizado por Lima Duarte na melhor novela da Tv, Roque Santeiro e por fim ter uma cara sisuda e carrancuda típica dos lutadores boxe.

Ele tinha um grande afeto pela casa em que morávamos, assinamos contrato, pagávamos o aluguel em dia, conversávamos sobre o tempo, mas nunca fizemos um churrasco juntos. Cheguei até a trazer uma garrafa de mel do cerrado das aldeias, para curar uma tosse do velho decrépito. O que ele insistia em frisar era que ao irmos embora fosse deixado dois galões de tinta “Renner” branca (ele tinha adoração por esta marca), para pintar o local novamente. Tudo bem, sem problemas. Em uma visita ao sudeste de férias compramos a tinta e na volta entregamos com antecedência ao sujeito miserável sem saber o que se passava em sua mente retorcida e sem prever o dia em que retornaríamos. Desta vez definitivamente.

Minha cunhada Michele mais seus dois filhos João Pedro e Maria Julia (na época ele com dois anos e ela bebê), moraram uma temporada conosco, pois Michele que além de outras habilidades também é técnica de laboratório dental. Esteve lá para ajudar na confecção de dentaduras para os queridos, porém desdentados índios.

Os dias secos se passaram até que resolvemos dar o grito de liberdade e voltar para nossa terra natal, atrás de uma privada privativa. Fui avisar ao “homem das cavernas” da nossa partida, foi quando vi seus olhos abugalharem, suas sobrancelhas engrossarem e sua má fé entrar em ação: Agora ele queria tinta para as portas, fechaduras, piso... só faltou pedir um creme hidratante. Depois de argumentar ao máximo o nosso trato, fui bem educado em dizer: Nem pelo caralho!!!! (me desculpe a palavra).

Pedimos demissão, começamos a vender as coisas, a carregar o carro e o velho nos vigiava dia e noite e falava bem alto: “vocês não vão me deixar no prijuizu!” Seus filhos, sua esposa tentavam o acalmar, mas nada o tirava da vigilha, apenas sua pressão alta. Na noite antes da partida dormimos todos os cinco, na sala no chão duro e ele prevendo que partiríamos, mandou a polícia burra, corrupta e ignorante nos abordar. Chegaram grosseiros, alegando “abandono de casa” o que a polícia tem a ver com isto? Coisas de cidade sem lei. Depois de questionarmos o verdadeiro papel da polícia, um mais esperto e vendo que éramos pessoas de bem fez a retirada já conscientizado. O “velho caduco” deve não ter dormido e nem eu, que passei a noite toda vigiando a janela, para evitar uma chacina (lá todo mundo anda armado).

Acordamos cedo, demos uma despistada, as mulheres ficaram na casa e fui deixar as chaves da casa na delegacia (medida de pessoa que está correta), dei umas voltas no quarteirão, despedimos de alguns, juntamos todos, ainda tremendo, paramos para comprar uma chupeta para Maria Julia e conter seu choro e Michele disse (horas depois) ter notado o seu "Ed" passar de moto ao lado do carro para a saída da cidade, estava armado? Sem saber, instintivamente entrei por ruas laterais de terra e saí lá na frente da saída do lugarejo. O sentimento devia ser igual ao de fugir de uma avalanche. O coração batia a mil até conseguir passar a fronteira do Mato Grosso com Goiás (será que haveria uma barricada de policiais?) na hora não sabíamos mais o que era lei, real ou correto.

Só queríamos ir embora, descansar, começar outra vida e fugir das garras afiadas e sujismundas do “homem mutante”.



Gilberto Granato.

domingo, 7 de setembro de 2008

Conversando com o sol


O sol é a estrela mais próxima de nós. Todos os planetas do seu sistema (sistema solar) giram desatinados ao seu redor, ou seja, ela é quem manda e nós seguimos suas regras. Tem 332.958 vezes a massa da terra (como somos pequenos) e já não é tão novo assim tem mais de 4,5 bilhões de anos. Já é um bom velinho, portanto lhe devemos respeito.

Para quem tem residência fixa. Deve observar, que durante o ano devido ao movimento de translação da terra, as áreas ensolaradas de sua casa, assim como, o local de nascimento do sol muda. Este maravilhoso fenômeno que dura 365 dias e algumas horas chegou ao ponto de mexer comigo.

Sempre antes de dormir (sempre do lado esquerdo da cama) fecho as persianas e deixo uma pequena fresta central, para que a claridade do amanhecer entre ao quarto e nos convide para mais um dia. Mas é exatamente neste mês, que os raios de sol ao nascerem atrás das montanhas, passam pela fresta da varanda e incidem diretamente na minha bochecha direita, causando um leve rubor, me fazendo virar de lado. Este aquecido fenômeno me deu a liberdade de levantar às seis horas da manhã e dialogar com o nosso caloroso velhinho:

- Bom dia, Sol?
- Bom dia? O que é isto? Quem está falando?
- Sou eu morador da terra. É assim que cumprimentamos e te chamamos aqui. Sol.
- Á ta! Agora me lembro. Terra minha querida, esqueci que seus filhos se comunicam.
- Então não há outras formas de comunicação em nosso, ou melhor, seu sistema?
- Não, apenas o silêncio e o barulho dos astros. E mesmo na terra, são poucos que conversam comigo. Só lembram de mim no verão ou quando as nuvens se metem entre nós.
- Mas o senhor não é parente das nuvens?
- Não, faz muito tempo que não nos falamos mais. Mas porque me chamam de Sol?
- Não sei. É assim que ensinam pra gente. Tem iogurte, cerveja, mascote, carne e até gente que leva o seu nome.
- É mesmo! Que consideração.
- Diferente de plutão. Que quase não é lembrado, não é?
- É mesmo. Plutão se tornou uma astro muito frio. Agora só fica sozinho ouvindo música e cuidando de sua atmosfera.
- É, ele deve ter ouvido o que falaram dele aqui na terra.
- É, O quê?
- Por aqui, passaram a chamá-lo de planeta anão e plutóide. Coisa da União Astronômica Internacional!
- Que sacanagem!
- Mas e a lua. Ela é seu parente?
- Á... Eu e a lua somos grandes amigos. Temos mais ou menos a mesma idade, mas a rotina galáctea nos deixa as vezes meses distantes.
- Á.. Entendi, quando vocês se vêm acontecem os eclipses solares e quando estão longe os lunares.
- Eclipse? O que é isto.
- deixa pra lá. Outra hora eu explico.
- Senhor Sol. Eu já vou indo, pois tá ficando difícil de olhar pro senhor e está um pouco quente, vou tomar um banho, mas amanhã você chega ao mesmo horário?
- Uns segundos de diferença.
- Então te aguardo e manda um abraço caloroso lá pro outro lado do mundo!
- Certo meu jovem, Até logo....
- Até!...
(Esse Sol é um grande cara!)



Gilberto Granato.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Na Escolinha


Estive lembrando das ferramentas que usávamos na escolinha. E as memórias dimanaram depois que usei um apontador para afinar as pontas de um conjunto de lápis coloridos, que ficam na primeira gaveta de onde escrevo. Que as deixo apontadas e preparadas, para entrarem em ação nas mãos dos sobrinhos, sobre os encartes infantis dos jornais de domingo. E de vez em quando, colorir a nós mesmos.

Se bem que a criançada não gosta muito mais do lápis de cor, pois a ponta acaba ou quebra logo e o efeito colorido no papel não fica bom, necessitando ir fazer a ponta, mas fazer a ponta dá trabalho, então elas apelam para as canetinhas, que são um perigo para as paredes e os sofás brancos de uma casa.

Na pré-escola, a professora pedia o lápis preto nº2. Era o clássico, tinham os outros números, mas só serviam para outros tipos de trabalho, que nem me lembro (talvez pintar as sobrancelhas do menino maluquinho), mas o número 2 era o ator principal, só que durante o filme (o ano) ele ia se desgastando, perdendo a roupa, o tamanho e se tornava um mero “anãozinho cor de madeira” que apenas compunha o elenco.

O caderno pautado era lei, para que as mãos ainda pouco habilidosas não caíssem nos brancos do caderno sem pauta. E a borracha, essa sim, era uma fiel companheira, disputadíssima, não ter uma borracha era uma transgressão grave: assim como não esticar o braço no ombro do coleguinha na fila para voltar do recreio, não pedir para ir ao banheiro ou esquecer o suco da merendeira (ninguém gostava de dividir o suco da merendeira). Assim como, ninguém gostava de emprestar a borracha, pois o coleguinha “esquecido” sempre voltava a pedir, às vezes o látex não voltava e outras já voltava bastante consumido (Eu acho que os alunos que pediam borracha emprestado eram os que mais erravam, acabavam com as suas e para a mãe não brigar, pediam emprestado, sem falar naqueles do fundo da sala que pegavam escondido para jogar na cabeça nos CDF’s da frente).

Tinha as borrachas brancas, onde algumas limpavam de verdade (essas deviam ser dos seringais) e outras só borravam (essas deviam ser sintéticas), porque nossos pais compravam as que borravam? Só aumentava o nosso trabalho, que às vezes era tanto, que pronto, furava o papel e a professora pegava no pé. Mas o grande inventor do século. foi o criador da borracha de duas cores. A que tinha um lado vermelho quase rosa (que era só para enganar) e o outro lado azul. Este sim, poderosíssimo, capaz de remover marcas até de canetas (que viriam mais tarde). E se a coisa apertasse era só passar saliva na ponta, e pronto, removia tudo. Nem a pauta do caderno sobrava. Ela serviria mais tarde até para alterar as notas das provas! Outro grande inventor, não foi o criador do liquidificador, foi aquele que fez a borracha que encaixava na parte traseira do lápis, que sabedoria! Mas não pegou muito, pois não dava firmeza na hora de apagar, mas era bonito ter.

E os apontadores, eternos aliados nas aulas chatas. Era só quebrar a ponta e ir à lixeirinha que ficava ao lado do quadro negro, para gastar alguns minutos e quem sabe conversar com a coleguinha da frente (eu fui da turma dos fundos e as coleguinhas bonitas sempre ficavam na frente). As sobras do apontador serviam até de matéria prima para as aulas de educação artística! Mas teve uma invenção, já no primário, que foi feita dentro das salas de aula. Tirava-se o parafusinho que segurava a lâmina do apontador, pegava-se o tubo da caneta esferográfica sem o tinteiro e através do calor do fogo (quem disse que criança não brinca com fogo?) adaptava-se na ponta e virava uma espécie de canivete para amolar “bem fininho” as pontas dos lápis. Algum pai de aluno viu isto patenteou e inventou o estilete. Hoje deve estar rico morando em uma das ilhas da Polinésia.

Por falar nas canetas (que responsabilidade) elas chegam ao seu tempo. Só depois que os erros se tornam menos freqüentes, para poder deslizar pelo papel (A caneta é o hockey no gelo e o lápis o hockey na grama). Que autonomia. Vai dizer que naquela época você nunca achou bonito alguém com uma nos bolsos da camisa? Atrás das orelhas? Mas em sala de aula, nem pensar, só nos filmes de Hollywood! O grande marco desta fase. Foi a criação da bic 4 cores, claro, em uma só caneta ! Verde, vermelho, preto e azul. Que gênio! O problema era quando a azul acabava e as outras iam ficando meio de lado. Teve a era das lapiseiras 0.5, 0.7, 1.0.... Que dificuldade era para se conseguir um grafite, principalmente para quem usava a 0.5, que quebrava toda hora e quem tinha compatível, não queria emprestar (Deve ser por isso que encontrei 7 tubos de grafite 0.5 cheios na gaveta do escritório. Só de raiva minha esposa comprou para se vingar desta fase e economizar no psicanalista, já que nem usamos lapiseira).

Vieram os pincéis atômicos, canetas hidrográficas, marcadores para quadro branco, canetas fluorescentes, canetas tinteiro, as roller point....

Mas nada me tira da cabeça o meu lápis preto nº2.



Gilberto Granato

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A democracia tarda mas não falha


A Democracia é o regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos, direta ou indiretamente, por meio de seus representantes eleitos. Isto todos brasileiros mesmo sem saberem o conceito, sabem. É só a coisa apertar que o cidadão fala: cadê os meus direitos?. Surgiu Em 507 a.C., quando Clístenes assumiu o comando de Atenas e realizou um vasto programa de reformas, no qual se estendeu os direitos de participação política a todos os homens livres nascidos em Atenas: os cidadãos. Desse modo, consolidava-se a democracia ateniense, com algumas restrições, mas foi o pontapé inicial. Foi de lá que surgiu a palavra “Demos” – povo e “Kratein” – governo e mais tarde a frança através da sua revolução iventou a moderna: Igualdade, Liberdade e Fraternidade, lembram?

A partir de Atenas tivemos várias outras correntes de governo: totalitarismo, ditaduras, anarquismo, teocracia, oligarquias... mas a forma democrática de se agir, vem tomando conta do mundo. E se não tomar, os Estados Unidos iventa uma “desculpa” e acaba com a festa não democrática (que diga o afeganistão, o iraque e ultimamente meteu o nariz até na Georgia). Até a democracia corintiana existiu na década de oitenta, liderado por um grupo de futebolistas politizados: Sócrates , Wladimir, Casagrande e Zenon, constituindo o maior movimento ideológico da história do futebol brasileiro. Bem não vim explicar a democracia, muito menos discutí-la, isto é uma crônica lembram?, pois esta começou em um churrasco...

Primeiro, é bom registrar que os ambientes mais democráticos que conheço são a Igreja e o boteco, Isto mesmo, pois lá todos são iguais: o andarilho e o “doutor” tem os mesmos direitos e discutem os assuntos da vida de igual para igual. Não era um boteco, mas um churrasco de dia de domingo. E entre goles de cerveja e pedaços de carne o assunto chegou na política (roda de cerveja que se presa fala de política). Tinha um “adulto médio” vamos dizer assim, de barbas, cabelo e sombrancelhas loiras, que insistia em dizer que era descendente de italiano, mas tenho para mim que os seus tataravós tinham um pé na escadinavia.

Nas últimas eleições, o nosso “escandinavo” em um dia de fim de semana pela manhã. Foi abordado por um político, destes sem caráter e sem vergonha na cara, que ofereceu vinte reais pelo voto de nosso amigo “noruegues”. Ele aceitou, talvez por dificuldade financeira, dinheiro fácil (ninguém garante que ao receber propina você vote no dito-cujo, exceto no zimbábue que tem que assinar a cédula) ou talvez já estivesse acostumado a esta prática coloquial da politicagem de interior. Ele não pensou. Mas durante o dia foi assistir um jogo de “bola de massa” ou bola de couro, pau, bocha como queira, em um boteco dos interiores de Castelo e lá investiu seus 20 contos em alguns pedaços de carne de porco, pagou algumas doses para os companheiros e tomou seus 21 conhaques. O que deve dar bem mais que meia garrafa.

Com as sucessivas investidas a cada gole. Seus giros cerebrais começaram a se mobilizar e tomaram conta do seu consciente, causando uma verdadeira “revolução democrática endócrina”, onde todos integrantes de seu corpo (agora “conscientes” pelo álcool), queriam de volta: o caráter, a dignidade e a liberdade.

Foi quando entrou ao bar um político (outro político) atrás de conversa e votos. O canditato tomava voz e não deixava os outros falarem, até que nosso amigo “Sueco”, já contaminado por sua revolução gritou em meio a todos: Nós não votamos em você não, pois você só vem em época de eleição, eu prefiro votar no “Dupato” que não sai daqui deste lugar!!! (Dupato era um saudoso moribundo que a quinze anos frequentava e dormia no bar, com suas pernas carcomidas por parasitas). O canditato olhou aquilo e deve ter pensado: E minha moral? Partiu para cima do “Dinamarques” e a turma do abafa controulou os dois, que com as suas mãos direitas na cintura (segurando as pistolas) se comprimentaram com as esquerdas meio a contragosto e a partir disto o papo tomou rumos mais reiais, talvez, tenham discutido os reais problemas da comunidade, ou a falta de caráter dos políticos corruptos ou o amargo sabor dos conhaques de boteco
.
Esta semana, passando de carro pela rua, encontrei nosso amigo “Islandes” ele é um homem liberto, sorri e conta este episódio para todos com orgulho, e o melhor: É candidato a vereador nas próximas eleições!

Salve Jorge, salve a Escandinavia, Salve a Democracia!


Gilberto Granato

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Adeus Pequim


Ou melhor, adeus Beijing, adeus Belarus (bielorússia), adeus Srbjia (Sérvia) e outros países que têm seus verdadeiros nomes realmente desvendados somente a cada quatro anos. Já tinha sido assim em outras olimpíadas com a Polska (polônia), Deutschland (alemanha), japan (japão)....

Toda olimpíada começa sempre pela aguardada cerimônia de abertura. Que é tão aguardada que na hora tem gente que cochila, aproveita o tempo para fazer as unhas, verificar as contas da casa, falar ao telefone, ajeitar uma tomada sem o parafuso etc... Isto porque ela demora muito! Então, é melhor fazer que nem nos desfiles das escolas de samba no carnaval e aguardar para ver o compacto devidamente editado depois (que me desculpem os figurinistas, os diretores de arte e os assíduos telespectadores de aberturas de cerimônia). Hoje lembramos nitidamente de como foi bonito ver aquele senhor, ex-atleta chinês, caminhando, ou melhor, voando com a tocha pelo estádio que culminou com aquele “raio de fogo” e acendeu a grande tocha. Mas daqui a quatro anos, mesmo que você discorde a grande maioria das pessoas não lembrará mais... Você lembra da abertura de Atenas? É como lembrar dos nossos vereadores eleitos, daqui a quatro anos (eu pelo menos me esforço).

A olimpíada é um indicador social, queira ou não queira, pois só faz esporte, quem come, estuda, tem moradia, transporte etc... O comitê olímpico internacional não classifica os países por ordem de medalhas, não existe classificação “todos são campeões”, mas os países (exceto hermanos Paraguai, Bolívia, Uruguai, Peru e outros que não ganham medalha nenhuma) fazem questão de classificar a seu modo. Criando uma autêntica forma de “guerrear em paz” com o resto do mundo. E ao final dos dezesseis dias avaliar nos meios de comunicação, com que “pernas atléticas” o seu país anda e achar respostas para os fracassos. Nós somos competitivos por natureza, fazer o quê?

Vi muitas coisas nas madrugadas destes jogos: O Wellison da Silva, do levantamento de peso do Brasil, pedindo desculpas ao País por não ter tido um bom desempenho? Wellison, o Brasil que pede desculpas a você. Por não ter lhe dado melhores condições de trabalho e vida. Já o Diego Hypolito, esse sim, aceitamos suas desculpas. Teve a turma do boxe lutando contra os juízes (vocês já viram que o técnico tira o protetor ensalivado da boca do seu lutador sem luvas, que romântico!). Ver a difícil vida da goleira do handebol recebendo inúmeras boladas furiosas. As “leonas” argentinas do hockey na grama deslizando seus patins e suas mini saias nos campos (porque o Brasil não engrena neste esporte?). Tive muita dificuldade em enxergar a “peteca” do badminton, talvez pelo sono ou pela fumaça da poluição chinesa na Tv. Teve o João Souza tomando uma “goleada” 15x4 na esgrima contra o japonês. Vi a bolinha sumir em um jogo de tênis de mesa e uma bela virada do Gustavo Tsuboi em cima de um canadense, perdendo por 20 a 16 (o jogo termina em 21). As meninas da ginástica artística do Brasil com seus olhos de “jabuticabas maduras”, distribuindo beijinhos entre si após cada apresentação, sem falar nos já conhecidos soluços e mais choros agora devidamente orientados no vestiário. Teve óleo, chuva e falta de vento “made in china” na pista dos velejadores e um bonito bronze das formosas desconhecidas da classe 470 . Bonito ver os jogadores de tênis sem a camisa com a marca dos patrocinadores e disputando terceiro lugar (por falar neles, por que muitos assopram a mão antes de receber o saque?). Os olhos embaçaram com líquido lacrimal as 00:19 em ponto com o hino nacional tocado pela vitória sem respirar do César Cielo na natação. O handebol está melhorando. O nosso atletismo parou? Não temos mais corredores? Lula cadê o PAC do atletismo?. O Futebol feminino mostrou ao contrário do masculino como se perde com honra. O vôlei vai muito bem obrigado. Gostei do esportivo bronze maduro de Ricardo e Emanuel. Não gostei do não esportivo bronze imaturo jogado fora pelo sueco na luta greco romana (seu sueco tem lugar para ela aqui no meu boteco, falou?). Natália Falavigna, que beleza! Maurren Maggi putz grila! (que nome) um centímetro! foi demais, que exemplo! A sua conquista mostrou claramente o que o esporte deve passar para as pessoas que é: A motivação e a superação para poder vencer.

A minha geração não viu o homem pisar na lua. Tá bom... vimos o robô “spirit” aterrisar em marte e tocar música capixaba. Mas tem feito maior, do que uma mulher saltar sete metros e quatro centímetros, um saltador em altura transpor dois metros e trinta e seis centímetros, um velocista correr cem metros em nove segundo e setenta e dois décimos?

Se eu fosse mais novo. Arrumaria um bom técnico (ou técnica) com “tino de campeão”, afinal os técnicos não ganham medalhas, mas amam e são campeões, seguiria a risca uma dieta balanceada, dormiria oito e meia da noite todo dia, não tomaria mais cerveja e nem comeria o escudiguim com feijão do boteco do bila e treinaria, treinaria, treinaria exaustivamente como um louco, só para desbancar em um centésimo de segundo este jamaicano abusado chamado Usain Bolt, só para acabar com aquela marra toda. E você Michael Phelps te deixaria em paz, pois você é um cara muito sem graça!

Até daqui quatro anos......



Gilberto Granato