sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A gestação

Uma gestante ou mulher que tem em si o embrião. É coisa de Deus, é divino, é inacreditável. Faz o perfeito sincretismo da ciência com a divindade. Primeiro é a confirmação do ato, euforia total, você dá voltas ao redor da mesa, dá telefonemas, pensa no futuro, sonha, liga a tv no Discovery Health, compra livros, vai na internet e procura entender um pouco mais do assunto. Senti-se mais macho. Começa a comprar os infinitos insumos necessários para o bebê e as primeiras consultas são marcadas. É um carnaval! Olê, lê... Olá, lá...

Depois vem a ansiedade pela barriga, cadê a barriguinha? O primeiro ultra-som pura emoção, aí vem os enjôos, as azias, as cólicas, a necessidade maior por alimentos, a primeira percepção dos movimentos, nossa que perfeição, quando não se sente, os pais ficam preocupados, não estão acostumados, depois se descobre o sexo, se constroe um nome. Aí vem o book de grávida, a construção arquitetônica do “espaço criança”, insumos e mais insumos, mais exames, mais sonhos... Laiá... Laiá...

Até que chega à Fase do último mês. Ela já não consegue respirar, é uma luta a cada inspiração e expiração contra o diafragma, vai perdendo as forças, a natureza é coerente, as forças têm que ser poupadas para o nascimento. Dormir? Fica no passado. O marido acorda de manhã e vai procurar a esposa aonde dormiu? Tem dor nas costas, senti caimbras, calor em dia fresco, respira fundo, se der uma folguinha e o silêncio vir ao mundo, vai tentar repousar em algum canto, pode ser o chão mesmo, é que nem gato sempre procurando um novo lugar. Ela fala Ai! E você diz Ui! É agora? Não é só o bebê dando mais um soco na virilha da Mãe. Imagina uma pessoa saindo do nível do mar indo para a altitude do altiplano andino? Pois é assim que a grávida fica no último mês... Como será uma Lhama grávida? Utererê....


Eu acho que tá chegando a hora...
(me deu um frio na barriga!)



Gilberto Granato

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