terça-feira, 23 de setembro de 2008

Não leia esta crônica


Isto mesmo, se você insistir em continuar lendo, primeiro vá procurar nas caixinhas dos armários, pergunte ao seu vizinho ou corra até a rua para estar munido de: pé de coelho, figa de madeira, espada de são jorge, vaso de cristal, terço, mudinha de arruda, trevo de quatro folhas, vela cheirosa, incenso, sal grosso, vinagre, fitinha do senhor do bonfim ferradura, água benta ou faça alguma simpatia cigana ou astrológica e não esqueça de bater na madeira três vezes antes de seguir em frente (e não vale fórmica).

Situações, são qualificadas como azaradas, azar ou "de azar" quando ocorrem de modo contrário à expectativa, ou quando provocam uma surpresa que resulta em um desastre, prejuízo, perda ou catástrofe. A palavra azar tem origem árabe “Azzhar”. É sinônimo de acaso. E esse tal de acaso que deve ser um árabe muito do sem vergonha, veio bater logo na minha porta aqui no sudeste do interior de um estado do Brasil.

Gato preto não vi? Não passei embaixo de nenhuma escada, os chinelos estão sempre limpos e virados para cima e juro que não pisei na borda do tatame, mas mesmo assim a urucubaca, má sorte, mau olhado, cafifa, mau agoro, peso, infortúnio, mandinga, sortilégio, caiporismo, malefício, desventurado, fardo, reves... peraí deixa eu bater três vezes na madeira deram as caras ou melhor deram ao acaso.

Estava tudo bem, vida normal, boa relação familiar, trabalhista e religiosa e de uma hora para a outra, os telefones ficaram mudos, passaram uns dias e a energia do andar de cima de casa (incluindo os dois chuveiros) pifou, foi á 220 volts, queimou um chuveiro e um rádio relógio (isto agora que já verificamos, pois na hora achamos ter queimado tudo, ficamos morando na parte de baixo da casa), a televisão por assinatura foi pro beleléu (que se os historiadores se esforçarem mais vão ver que fica na Arábia), o porta lixo da calçada enferrujou caiu, não vimos, e algum Árabe passou a mão, uma placa de marketing do meu estabelecimento, que fica em uma trilha para a roça também caiu. Provavelmente devido a um vento forte da península arábica ou possivelmente devido a ação daqueles bois sauditas coçando suas costas, minha chuteira rasgou, quebrei um copo, sem falar que estou constipado e cheio de catarro, é mole?

Não é duro, só não é tão duro como ficou aquele velho índio Baré lá da aldeia cué-cué no rio negro. Certo dia saiu de bongo (bote feito de madeira) e rabeta (motor de polpa pouco potente) e partiu a vagar pelo rio negro o tempo fechou, até aí tudo bem, nada de anormal em se tratando de floresta chuvosa, mas um belo e estrondoso raio caiu na sua cabeça! Foi socorrido, ficou de repouso, o pajé da tribo deu atenção e proteção extra, ficou bem, dizem que sua motricidade peniana e o seu vigor caíram um pouco, mas bem. Poxa! Um raio? Na cabeça! No meio daquele Matão cheio de árvores como alvos, é muito azar.

Passaram-se os dias e o velho Baré em mais um dia chuvoso, junto com a família, foi se deslocar a casa de farinha, provavelmente para se alimentar ou pegar algum objeto, que ficava atrás de sua casa, passou por um vão de 60 centímetros sob sua cabeça, que separava as duas (eu fui a sua casa e vi) e não é que nesta passada, foi atingindo por um outro raio! Isto mesmo leitor, um outro raio, pode dizer por aí que um raio cai duas vezes no mesmo lugar, sim! Só que desta vez ele não resistiu, a aldeia achou que era xamanismo, mudaram pra Colômbia e deixaram um outro pajé protegendo o local, que ficou um bom tempo abandonado.

Mas é certo que a obra deste tal de “acaso” passa, pois a vida é levantar a cabeça e seguir em frente com fé em Deus e na lei de Darwin, pois depois da tempestade vem a bonança, depois da chuva não vem o sol? As águas do rio não correm para o mar? Há males que vem por bem e barcos virão novas trarão! Enquanto a vida a esperança, por falar nela, peraí................ peguei uma moeda, sim uma moeda argentina, aqui na gaveta, é de 1 peso ou 1 sol, nela diz: union e libertad! Vou jogá-la para o alto, “cara” é o sol, e “coroa” é o brasão certo! Vou jogar no chão e testar a minha sorte ou o meu azar.

Lá vai......... ela caiu, meu coração acelerou, quero cara, quero sol, vou lá ver............ putz!!! Deu brasão (coroa). Vou tentar de novo quero cara novamente, joguei agora mais longe, vou lá ver................. putz!!!! Brasão de novo!!!! Peraí meu amigo leitor, vou tentar mais uma vez e continuarei com cara e jogarei lá na cozinha agora, lá vai............... vou lá ver............. Brasão pela terceira, minha nossa!!! É moeda argentina dá azar..... vou pegar uma de um real eu sou Brasileiro poxa... pera aí.......... pronto. Eu quero cara de novo (1 real) Brasileiro não desiste e o outro lado é coroa (rosto), vou jogar no meio das minhas mãos, lá vai....... vou olhar..... atenção: ÈEEEEÈÈÈEE..CARA!!!!!! È CARA!!!!!! Eu já sabia!!! sai urucubaca, sai mau agoro, vai azzhar vá de ré e não volte nunca mais, vá buscar outro pra encher o saco lá na Jordânia, no Kuwait, no Catar..... vai..... e não volta nunca mais.



Gilberto Granato

Um comentário:

Unknown disse...

Brincadeira einh gil! Esta foi boa! Acho que foi esta moeda argentina que trouxe todo este azar. Manda ela pelo correio de volta para argentina pois se jogar no quintal capaz do morro da formiga virar um vulcão em erupção! rsrsrsrsrrs