quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Na Escolinha


Estive lembrando das ferramentas que usávamos na escolinha. E as memórias dimanaram depois que usei um apontador para afinar as pontas de um conjunto de lápis coloridos, que ficam na primeira gaveta de onde escrevo. Que as deixo apontadas e preparadas, para entrarem em ação nas mãos dos sobrinhos, sobre os encartes infantis dos jornais de domingo. E de vez em quando, colorir a nós mesmos.

Se bem que a criançada não gosta muito mais do lápis de cor, pois a ponta acaba ou quebra logo e o efeito colorido no papel não fica bom, necessitando ir fazer a ponta, mas fazer a ponta dá trabalho, então elas apelam para as canetinhas, que são um perigo para as paredes e os sofás brancos de uma casa.

Na pré-escola, a professora pedia o lápis preto nº2. Era o clássico, tinham os outros números, mas só serviam para outros tipos de trabalho, que nem me lembro (talvez pintar as sobrancelhas do menino maluquinho), mas o número 2 era o ator principal, só que durante o filme (o ano) ele ia se desgastando, perdendo a roupa, o tamanho e se tornava um mero “anãozinho cor de madeira” que apenas compunha o elenco.

O caderno pautado era lei, para que as mãos ainda pouco habilidosas não caíssem nos brancos do caderno sem pauta. E a borracha, essa sim, era uma fiel companheira, disputadíssima, não ter uma borracha era uma transgressão grave: assim como não esticar o braço no ombro do coleguinha na fila para voltar do recreio, não pedir para ir ao banheiro ou esquecer o suco da merendeira (ninguém gostava de dividir o suco da merendeira). Assim como, ninguém gostava de emprestar a borracha, pois o coleguinha “esquecido” sempre voltava a pedir, às vezes o látex não voltava e outras já voltava bastante consumido (Eu acho que os alunos que pediam borracha emprestado eram os que mais erravam, acabavam com as suas e para a mãe não brigar, pediam emprestado, sem falar naqueles do fundo da sala que pegavam escondido para jogar na cabeça nos CDF’s da frente).

Tinha as borrachas brancas, onde algumas limpavam de verdade (essas deviam ser dos seringais) e outras só borravam (essas deviam ser sintéticas), porque nossos pais compravam as que borravam? Só aumentava o nosso trabalho, que às vezes era tanto, que pronto, furava o papel e a professora pegava no pé. Mas o grande inventor do século. foi o criador da borracha de duas cores. A que tinha um lado vermelho quase rosa (que era só para enganar) e o outro lado azul. Este sim, poderosíssimo, capaz de remover marcas até de canetas (que viriam mais tarde). E se a coisa apertasse era só passar saliva na ponta, e pronto, removia tudo. Nem a pauta do caderno sobrava. Ela serviria mais tarde até para alterar as notas das provas! Outro grande inventor, não foi o criador do liquidificador, foi aquele que fez a borracha que encaixava na parte traseira do lápis, que sabedoria! Mas não pegou muito, pois não dava firmeza na hora de apagar, mas era bonito ter.

E os apontadores, eternos aliados nas aulas chatas. Era só quebrar a ponta e ir à lixeirinha que ficava ao lado do quadro negro, para gastar alguns minutos e quem sabe conversar com a coleguinha da frente (eu fui da turma dos fundos e as coleguinhas bonitas sempre ficavam na frente). As sobras do apontador serviam até de matéria prima para as aulas de educação artística! Mas teve uma invenção, já no primário, que foi feita dentro das salas de aula. Tirava-se o parafusinho que segurava a lâmina do apontador, pegava-se o tubo da caneta esferográfica sem o tinteiro e através do calor do fogo (quem disse que criança não brinca com fogo?) adaptava-se na ponta e virava uma espécie de canivete para amolar “bem fininho” as pontas dos lápis. Algum pai de aluno viu isto patenteou e inventou o estilete. Hoje deve estar rico morando em uma das ilhas da Polinésia.

Por falar nas canetas (que responsabilidade) elas chegam ao seu tempo. Só depois que os erros se tornam menos freqüentes, para poder deslizar pelo papel (A caneta é o hockey no gelo e o lápis o hockey na grama). Que autonomia. Vai dizer que naquela época você nunca achou bonito alguém com uma nos bolsos da camisa? Atrás das orelhas? Mas em sala de aula, nem pensar, só nos filmes de Hollywood! O grande marco desta fase. Foi a criação da bic 4 cores, claro, em uma só caneta ! Verde, vermelho, preto e azul. Que gênio! O problema era quando a azul acabava e as outras iam ficando meio de lado. Teve a era das lapiseiras 0.5, 0.7, 1.0.... Que dificuldade era para se conseguir um grafite, principalmente para quem usava a 0.5, que quebrava toda hora e quem tinha compatível, não queria emprestar (Deve ser por isso que encontrei 7 tubos de grafite 0.5 cheios na gaveta do escritório. Só de raiva minha esposa comprou para se vingar desta fase e economizar no psicanalista, já que nem usamos lapiseira).

Vieram os pincéis atômicos, canetas hidrográficas, marcadores para quadro branco, canetas fluorescentes, canetas tinteiro, as roller point....

Mas nada me tira da cabeça o meu lápis preto nº2.



Gilberto Granato

Um comentário:

Anônimo disse...

Caraca,Gil,agora sim vc conseguiu se superar!!!!!!!!!
Como conseguiu lembrar de coisas tão minuciosas de nossas infãncias?
Acho que todo mundo que teve infãncia e que foi ao colégio passou pelas mesmas experiências.
A parte que vc fala dos "coleguinhas" que pegavam as borrachas emprestadas me tocou bem lá no fundinho do meu eu.Mais a melhor foi aquela de passar a língua na ponta da borracha para apagar, e então, vinha a tragédia - a folha rasgava.
Tá tudo de bom esse seu Blog!!
Parabéns,outra vez!!!!!!!!!
Beijão!
Da sua cunhadinha querida
Michele.