Se fizermos uma pesquisa entre os brasileiros sobre qual estação do ano é a preferida, não será difícil de termos como campeã e talvez com uma boa margem de vantagem o verão. Claro, País tropical, abençoado por Deus, diz uns de nossos hinos... Mas desculpem-me os gripados e os tropicalistas confesso que depois de trinta e dois anos, comecei a ter uma grande recaída e um imenso prazer de viver o inverno.
Ainda haverá locais que ele permanecerá, mas na cidade que moro, está localizada um pouco acima de cem metros do nível do mar e sua intensidade já começa a perder força, portanto fico saudoso buscando informações climáticas das pessoas que vem de locais mais altos ou nos telejornais, como se buscasse um objeto perdido.
É nesta ocasião do ano que nossos corpos são tomados por uma vasoconstrição, que afeta diretamente o nosso dia a dia e o nosso humor. É o tempo de reunir a família e os amigos para uma confraternização e o motivo pode ser por exemplo: o dia da árvore, dia da caridade ou o dia de combate a hipertensão arterial. Não importa, o clima ameno é um bom motivo para um bate papo movido a uma bela macarronada, uma polenta com queijo na panela de barro, um fondue com vinho tinto, uma feijoada com caipirinha e samba é claro! E doces, afinal é época de morangos, que são cosmopolitas e fazem qualquer parceria ficar gostosa.
No tempo frio a nossa corrosão é menor, você chega à sexta-feira e seu corpo não sentiu tanto o desgaste do trabalho, você economizou água de seu organismo na transpiração e acabou contribuindo com a natureza. Deu mais bom dias, fez menos caretas, trocou menos de roupa (alguns tomaram menos banho), dormiu melhor, viajou com a família procurando mais frio, leu mais, reclamou menos, se você é solteiro arranjou um par e se é casado muxoxou mais com a esposa, já observou que no frio ela não reclama tanto dos chinelos fora do lugar! O professor falou mais baixo com seus alunos e vice e versa, a rua ficou mais calma no sábado de manhã, os metrosexuais e as mulheres adquiriram mais peças da coleção inverno e as abelhas tiveram menos trabalho em buscar o néctar das flores, pois também é uma época florida, que digam os ipês, que guardam suas flores para esta estação.
Agora com a chegada do intempestivo calor, só nos resta transpirar um pouco mais, acordar mais vezes durante a noite, usar menos roupa e reclamar em qualquer balcão de padaria do calor, mas daqui um pouco esqueceremos o frio e começaremos a pensar nos benefícios da estação quente. Nós fomos feitos assim, graças a Deus: eternos insatisfeitos super adaptáveis. Que digam os velhos índios e sua maneira adaptável de pressentir o frio:
Com a aproximação do inverno, os índios foram ao cacique perguntar:- Chefe, o inverno este ano será rigoroso ou ameno? O chefe, vivendo tempos modernos, não tinha aprendido como seus ancestrais os segredos da meteorologia. Mas Claro, não podia demonstrar insegurança ou dúvida. Por algum tempo olhou para o céu, estendeu as mãos para sentir os ventos e em tom sereno e firme disse:- Teremos um inverno muito forte... é bom ir colhendo muita lenha! Na semana seguinte, preocupado com o chute, foi ao telefone e ligou para o Serviço Nacional de Meteorologia e ouviu a resposta: -Sim, o inverno deste ano será muito frio!Sentindo-se mais seguro, dirigiu-se a seu povo novamente:- É melhor recolhermos muita lenha... Teremos um inverno rigoroso! Dois dias depois, ligou novamente para o Serviço Meteorológico e ouviu a confirmação:- Sim... Este ano o inverno será rigoroso! Voltou ao povo e disse:- Teremos um inverno muito rigoroso. Recolham todo pedaço de lenha que encontrarem, teremos que aproveitar até os gravetos. Uma semana depois, ainda não satisfeito, ligou para o Serviço Meteorológico outra vez:- Vocês têm certeza de que teremos um inverno tão rigoroso assim?- Sim, responde o meteorologista de plantão. Este ano teremos um frio muito intenso.- Como vocês têm tanta certeza assim?- É que este ano os índios estão recolhendo lenha pra cacete...
Gilberto Granato
Ainda haverá locais que ele permanecerá, mas na cidade que moro, está localizada um pouco acima de cem metros do nível do mar e sua intensidade já começa a perder força, portanto fico saudoso buscando informações climáticas das pessoas que vem de locais mais altos ou nos telejornais, como se buscasse um objeto perdido.
É nesta ocasião do ano que nossos corpos são tomados por uma vasoconstrição, que afeta diretamente o nosso dia a dia e o nosso humor. É o tempo de reunir a família e os amigos para uma confraternização e o motivo pode ser por exemplo: o dia da árvore, dia da caridade ou o dia de combate a hipertensão arterial. Não importa, o clima ameno é um bom motivo para um bate papo movido a uma bela macarronada, uma polenta com queijo na panela de barro, um fondue com vinho tinto, uma feijoada com caipirinha e samba é claro! E doces, afinal é época de morangos, que são cosmopolitas e fazem qualquer parceria ficar gostosa.
No tempo frio a nossa corrosão é menor, você chega à sexta-feira e seu corpo não sentiu tanto o desgaste do trabalho, você economizou água de seu organismo na transpiração e acabou contribuindo com a natureza. Deu mais bom dias, fez menos caretas, trocou menos de roupa (alguns tomaram menos banho), dormiu melhor, viajou com a família procurando mais frio, leu mais, reclamou menos, se você é solteiro arranjou um par e se é casado muxoxou mais com a esposa, já observou que no frio ela não reclama tanto dos chinelos fora do lugar! O professor falou mais baixo com seus alunos e vice e versa, a rua ficou mais calma no sábado de manhã, os metrosexuais e as mulheres adquiriram mais peças da coleção inverno e as abelhas tiveram menos trabalho em buscar o néctar das flores, pois também é uma época florida, que digam os ipês, que guardam suas flores para esta estação.
Agora com a chegada do intempestivo calor, só nos resta transpirar um pouco mais, acordar mais vezes durante a noite, usar menos roupa e reclamar em qualquer balcão de padaria do calor, mas daqui um pouco esqueceremos o frio e começaremos a pensar nos benefícios da estação quente. Nós fomos feitos assim, graças a Deus: eternos insatisfeitos super adaptáveis. Que digam os velhos índios e sua maneira adaptável de pressentir o frio:
Com a aproximação do inverno, os índios foram ao cacique perguntar:- Chefe, o inverno este ano será rigoroso ou ameno? O chefe, vivendo tempos modernos, não tinha aprendido como seus ancestrais os segredos da meteorologia. Mas Claro, não podia demonstrar insegurança ou dúvida. Por algum tempo olhou para o céu, estendeu as mãos para sentir os ventos e em tom sereno e firme disse:- Teremos um inverno muito forte... é bom ir colhendo muita lenha! Na semana seguinte, preocupado com o chute, foi ao telefone e ligou para o Serviço Nacional de Meteorologia e ouviu a resposta: -Sim, o inverno deste ano será muito frio!Sentindo-se mais seguro, dirigiu-se a seu povo novamente:- É melhor recolhermos muita lenha... Teremos um inverno rigoroso! Dois dias depois, ligou novamente para o Serviço Meteorológico e ouviu a confirmação:- Sim... Este ano o inverno será rigoroso! Voltou ao povo e disse:- Teremos um inverno muito rigoroso. Recolham todo pedaço de lenha que encontrarem, teremos que aproveitar até os gravetos. Uma semana depois, ainda não satisfeito, ligou para o Serviço Meteorológico outra vez:- Vocês têm certeza de que teremos um inverno tão rigoroso assim?- Sim, responde o meteorologista de plantão. Este ano teremos um frio muito intenso.- Como vocês têm tanta certeza assim?- É que este ano os índios estão recolhendo lenha pra cacete...
Gilberto Granato
Um comentário:
Gil, my love, seus textos estão ficando muito bons, esses com um toque de humor ficam melhores ainda, acho que vc tem um um lado cômico muito legal.
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