quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A botija de gás


È hora do almoço. Acabo de terminar meu turno de jardineiro, para ingressar no de dentista. Tirei umas cochonilhas das onze horas, coloquei mais canjica para os pássaros, cortei folhas secas da bananeira e retirei alguns cocôs caninos petrificados pelo sol e pela umidade que por sinal anda em baixa neste mês. É quando ouço uma voz que vem do fundo do corredor da área de seviço: Gilberto, me ajuda (empregada) a pegar outra botija? O gás acabou. Tudo bem, não tem problema nenhum. Aqui em casa já fica uma botija reserva para estas ocasiões, coisas de família precavida. Você já viu que sempre que o gás acaba ninguém fica feliz. Todo mundo fica insatisfeito, uns menos outros mais, mas todos ficam, pois é sempre quando estamos usando e logicamente com vontade de comer. É difícil ficar indiferente à falta do butano.

Creio que ainda pegarei a evolução das botijas de gás. Não é possível um objeto de metal que oxida e enferruja, come as quinas da parede no transporte (se com você não aconteceu, ainda vai) e ajuda a manter as diferenças entre homens e mulheres, afinal, só as mais feministas carregam e ainda por cima as vazias. Fui à garagem peguei a substituta que já estava com teias de aranha e levei à cozinha. Quando fui fazer a orgia de encaixar a válvula no orifício da botija, broxou. Isto mesmo, broxou, não deu química, não encaixa, nem a pau! Quando encaixava, fazia o famoso teste das bolhas de sabão e o resultado era bastante positivo: dezenas de bolhas coloridas por todos os cantos para nenhuma criança botar defeito. Quando comecei a soltar os primeiros palavrões a minha empregada chegou com toda sua experiência em problemas de cozinha e métodos de superação:
- Troca a borrachinha!
- Que borrachinha, porra?
- Aí dentro!
- Onde?
- No fundo.
- Não tem borrachinha.
- Tem sim, troca que acaba o problema.

Futuquei, futriquei e consegui tirar uma borrachinha redonda que fica bem escondida no fundo do orifício o “ponto G da botija”, prontamente, minha “ajudante” chegou com uma nova, ou melhor uma velha da botija vazia. Ao colocar com uma chave de fenda inteligentemente fornecida pela “ajudante”, pronto, se rompeu e formou um bonito “C”. Na mesma hora pensei: “Fui mexer sem saber e perdi a garantia, agora vou ter que pagar duas”. Ligo para o “Rei do gás”, isto mesmo, é este o nome. E peço com urgência uma nova. Tomo um banho rápido, pensando no problema e quando volto à cozinha triste sem o cheiro do peixe que estava por fritar, o “príncipe do gás”, já se encontra usando sua ciência oculta e técnica apurada, removendo a “errata” que fiz. Rapidamente recuperou o reserva, trouxe o próximo primeiro suplente, levou o desclassificado restaurado, deu-me algumas instruções e ainda disse que na próxima vez, trará novas “borrachinhas prateadas” reservas que são as legítimas (duvido que já não tenham chinesas similares) e saiu altivo como um jogador que marca o pênalti sabendo que não iria perder.

Admiro muito a monarquia dos entregadores de gás. São eficientes e rápidos. Eles são muito bons! Sou fã deles!


Bobagem intrínseca da história : O que uma botija de gás falou pra outra?- Vamos vazá?



Gilberto Granato

Um comentário:

Anônimo disse...

Caraca,Gil,vc tinha que ser humorista.Começa a juntar essas estórias, que daqui a pouco vc vai ter escrito um livro de piadas da vida real.
Você falou nessa que é fã dos entregadores de gás e numa outra detonou os eletreciostas(que injustiça).
Parabéns pelas belas e hilariantes crônicas!!!!
Kisses.
Michele