sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

memórias (de)inflacionárias

Estava refletindo sobre a história econômica Brasileira. Lendo o jornal lembrei do excelentíssimo senhor José Sarney e sua voz inconfundível. Agora é presidente do senado da república não sei por quê? Pois um homem na sua idade e que já foi presidente do Brasil, devia estar pintando, tomando umas em um dos seus sítios, educando os netos, se candidatando no máximo a representante da igreja, sei lá?... Mas um dia ele já foi o chefe do País e eu me lembro como eram as coisas...

Eu com meus dez, onze anos ia todo fim de semana com minha mãe á praia de camburi em vitória, não era muito limpa não na época, mas ninguém avisava fazer o que? No calor pedia um picolé como toda criança, picolé da Kiabai e matava minha sede. No outro fim de semana pedia outro e o número de notas que a minha mãe me dava sempre aumentava e o troco diminuía, foi aí que percebi pela primeira vez na minha vida a inflação. Éh! Esta mesma que se caracteriza pela queda no poder de compra do dinheiro. E a cada fim de semana minha mãe ia levando um cruzado baixo no bolso, isto mesmo, o nosso dinheiro se chamava cruzado, nome bem apropriado para uma inflação anual de quatro dígitos. Realmente não sei como sobrevivemos ao Seu José Sarney.

Anos mais tarde, por volta dos meus dezoito, dezenove anos, meu negócio era menos praia e mais saidinhas (palavra inofensiva) noturnas sem a mãe, mas com o dinheiro dela é claro. No calor da noite ia tomar as minhas primeiras cervejas para matar a sede da juventude lá no triângulo das bermudas na praia do canto em vitória, ia à pé, tinha ladrão, mas ninguém avisava fazer o que? Neste dia o excelentíssimo senhor Fernando Henrique Cardoso e suas olheiras inconfundíveis tinha mirabolado o plano real (moeda de mesmo nome) e no seu primeiro dia de ação tinha que fazer uma conversão para a URV (Unidade real de valor) e tínhamos que utilizar a UFIR (Unidade Fiscal de transferência) como conversão, era uma loucura só. Todos donos de boteco tinham uma calculadora na mão. Fui comprar a minha cerveja aguardando o mísero troco. Qual foi minha surpresa ao ver as notas sendo multiplicadas e a partir daí vivenciar o fenômeno da deflação levando a baixa dos preços dos produtos nos mercados. Dia inesquecível aquele.

O seu FHC, popularmente assim chamado. Hoje vive por aí sem suas olheiras escrevendo em um jornal aqui, palestrando ali, opinando acolá, problematizando a cá. Vivendo como um grande homem que já foi presidente do Brasil.

Isto é pra gente ver.

Como é que tem gente que não se toca e não muda de voz.

Hein?



Gilberto Granato

Um comentário:

Unknown disse...

Brasileiros e brasileiras, o dito cujo presidente do senado já está institucionalizado. Não consegue mais viver sem deputados, deputadas, putasde, senadores e seifadores, trambiques e tramóias.
Se fosse eu, com a fortuna que ele tem, estaria na praia com o meu notebook escrendo crònicas no blogspot.