quarta-feira, 16 de julho de 2008

Dia Mundial do Rock


A música em minha vida embarcou e nunca mais quis descer em nenhum porto ou cais. Faz parte do meu dia: ouço, leio e tento tocar de vez em quando. A canção não envelhece, tem os discos e músicas que não nos deixam esquecer acontecimentos ou episódios de nossas vidas, sejam eles bons ou ruins, têm aquelas que nos empolgam para um dia festivo, que cantamos do começo ao fim, outras que só entoamos a melodia, repetimos a percussão, prestamos atenção no baixo, assoviamos no banheiro, repetimos o refrão sem parar e outras que mesmo sem gostar entram em nosso inconsciente e são proferidas sem percebermos ao vento.

Minhas lembranças musicais começam naqueles “disquinhos coloridos”, com histórias infantis como: o patinho feio, a cigarra e a formiga, Cinderela,chapeuzinho vermelho, três porquinhos.... Alguns também foram bem marcantes como: “A arca de noé” de Vinícius de Morais, com aquela capa colorida e cheia de animais e os discos de jairzinho e cia do Balão mágico, que inclusive cheguei a ir a um show lotado de crianças. Mas como qualquer pessoa, depois da fase "ciranda, cirandinha", vai busca algo mais perene para se confortar. Em casa lembro-me de minha mãe ouvindo Simon e Garfankel e a inesquecível “the sound of silence”, Pink Floyd e “time”, com aqueles relógios e sinos na introdução que me deixavam intrigado. Tinha Chico Buarque, Simone, Milton Nascimento, MPB 4, Trilhas de novelas nacionais e internacionais (minha mãe adorava!) e é claro Roberto Carlos.

Vivi a fase do Vinil o popular “bolachão”, tive alguns Lp’s, mas o que realmente eu gostava eram das fitas cassetes, gravadas preferencialmente, por causa da qualidade, em uma fita alemã Basf de última geração. A minha primeira aquisição sonora foi reproduzida em uma destas fitas. A tia de um amigo meu do primeiro andar do prédio em que minha mãe morava em jardim da penha, mais precisamente na Anísio Fernandes Coelho, que hoje antes de ter Shoping e sinal, tinha rua de paralelepípedo e muitos matagais, me convidou para gravar uma fita, isto por volta de 1988 (lembro da Assembléia Constituinte). Era bem mais velha que eu e recordo-me que tinha um fusca branco que ás vezes batia. Morava com seus pais. Por gostar de música me apresentou “Cabeça Dinossauro” do Titãs, “Dois” da Legião Urbana (Eduardo e Mônica era o hit), plebe rude, Zero, Biquíni Cavadão, Capital Inicial, ou seja algumas bandas da geração de oitenta, que gostei, mas foi na minha segunda fita reproduzida de um amigo de rua (esta era a expressão!), que tinha de um lado Sex Pistols “Never mind the bollocks” e do outro Metallica “Garage day” e Anthrax (nesta época andava de skate e pegava umas ondas), que então entrei fundo no Heavy Metal e Megadeth, Slayer, Metallica, Sepultura não paravam de tocar no meu “sonzinho de dois tapes”.

Minha trilha Sonora passava ainda por Billy Idol, Ramones, Bad Relgion, Toy Dolls, Guns’n Roses, Skid Row, Faith no more, mas foi no início dos anos noventa e com o surgimento do CD, foi que a música me atingiu em cheio. O grunge de Seatle de bandas como: Mudhoney (meu primeiro CD “piece of cake”), Screaming trees, Pearl Jam, Alice in Chains, Soundgarden e os acordes iniciais de “Smell like teen spirit”, me entorpeceram, coincidindo com os primeiros vídeo clips da MTV Brasil, que ainda tinha seu sinal aberto e portanto passava noites em claro das minhas férias escolares, gravando fitas VHS na casa de meu tio em Tocantins, que era onde tinha parabólica.

Outro momento importante, pois até então a gurizada ouvia pouca música nacional, foi a chegada do movimento e manifesto Manguebeat com o seu logotipo de uma parabólica enfiada na lama e a mistura de regionalismo com rock e psicodelia ,de Chico Science e Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, que fizera muitos, assim como eu voltarem a ouvir e a resgatar a música nacional.

Hoje já se discute qual será o meio mais propício para a substituição do CD e no momento estou na contramão desta avenida, atrás de um aparelho que toque vinil, para ouvir uma coleção de discos da década de 50,60 e 70 no Brasil, que ganhei, pois acredito também que a música precisa de outros sentidos como o tato e a visão, que só é permitido através da estrutura física, dos encartes e letras e da arte gráfica.

Atualmente de cada dez discos que compro, oito serão nacionais, pois acredito que a melhor música feita no mundo hoje é a nossa. Ela não está tocando na rádio e tem que ser garimpada nos bons programas de televisão fechada, sites e revistas de música. Escuto desde Paulinho da viola a Yamandu Costa, de Secos e Molhados a Ultramen, de Belchior a Lenine, de Bob Marley (não poderia ficar de fora) a Tom Jobim, vou atrás de tudo que me atrai e que não foi me apresentado e de tudo o que ainda está por vir, pois como diria Jim Morrison: “A música é seu amigo até o fim...”

Gilberto Granato

Um comentário:

Unknown disse...

E por falar em "smells like teen spirit", Que bunda é esta???!!!!!