sábado, 5 de julho de 2008

lembranças do carnaval


No mês de fevereiro deixei o litoral de minas, ou melhor, o Estado do Espírito Santo com destino inverso ao de milhares de carros que vinham no sentido “praia e folia”, para reviver o carnaval de Tocantins e como é de praxe, toda vez em que se cita a palavra Tocantins a um leigo capixaba, tenho que dizer que se trata de uma cidade da zona da mata mineira e não o Estado nortista, isto às vezes gera estranheza desde aos mais assíduos estudantes de geografia aos geógrafos de boteco, mas se ficar um pouco difícil de entender que fica entre Ubá e Rio Pomba, nas margens do rio Paraopeba aí é só expor que é a terra do fumo sabiá, pois qualquer cidadão do interior do Espírito Santo com mais de 30 anos se convencerá de sua existência.

A chegada à cidade é surpreendente, pois a cidade antes só existente em um lado da rodovia, hoje se multiplica nos dois sentidos e não apresenta mais aquele caráter bucólico tradicional a não ser pelas clássicas charretes que andam a galopes mais rápidos que os de antigamente pelas ruas estreitas ao redor da praça; e emociona devido as lembranças de crescimento e desenvolvimento em que vivi em todas as férias passadas junto à minha família na cidade, e o carnaval é uma delas; As lembranças são muitas desde os carnavais e matinês de clube, aos blocos diurnos e ao tradicional desfile das Escolas Índios do ritmo e Santa Cruz que concorriam harmonicamente pelo título de campeã; Lembro-me que durante o desfile todos posicionavam suas cadeiras em frente as suas casas, com o devido lugar para os mais velhos reservados, as crianças se fantasiavam e confetes e línguas de sogra eram o que não faltava, dando trabalho aos catadores de lixo no dia seguinte, as pessoas cantavam os sambas em redo com entusiasmo e a ala das baianas era sempre a mais aplaudida, sem falar na tradicional e vibrante bateria da índios do ritmo, ao fim do desfile todos se divertiam ao sons de marchinhas de carnaval e até mesmo a recém chegada axé music.

Desta vez foi emocionante vez a turma do projeto toque na lata, mostrar música, arte e inclusão social em um desfile que merece todos incentivos, para estar cada vez maior em cada evento, ver a índios do ritmo se unir ao bloco do Itararé e nos fazer arrepiar com sua afinada bateria e a merecida homenagem a um dos fundadores da Escola Índios do ritmo Itamar Souto, foi divertido ver as passagens dos blocos guiados por “carros elétricos” e ver que o “michael Jackson tocantinense” Zé Polícia continua empolgando os desavisados de plantão e ao final, foliar ou quem sabe descansar ao som das bandas, por sinal algumas capixabas, que animavam o palco durante os dias de evento. Fiquei decepcionado ao ver que o tradicional bloco das piranhas, antes embalado por músicas de folia, hoje vive ao som em altíssimos decibéis, de músicas de funk, que acabam por afastar os mais velhos da folia e como presenciei gera tumultos, nada contra o funk, pois adoro James Brown e alguns de seus desdobramentos, mas o carnaval segundo o dicionário é um “festejo” e um festejo no dicionário é um “bom acolhimento”, bem diferente do que vi ou melhor ouvi.

Espero que Tocantins não perca suas raízes e é claro incorpore de maneira saudável as novas tendências, seguindo a linha dos carnavais tradicionais de cidades históricas mineiras, que fazem bem este sincretismo, pois tenho certeza outros tocantinenses ausentes assim como eu largarão a praia para se divertir nas ruas da inesquecível cidade e os creu, creu, creu ...... entoados serão apenas substantivos do passado.

Arawãkanto'i é nome tupi guarani da tribo tapirapé.

Um comentário:

Unknown disse...

gil, você só esqueceu de falar q sua "prima" emprestada, também deu um show na avenida. Assim não dá nem lembrou da minha perfomance. Brincadeira. beijos, tá mito legal
Mariane Arantes