domingo, 27 de julho de 2008

Sábado nublado


Você trabalhou a semana inteira, se esforçou para manter a vida em ordem e agora no início do fim de semana, você olha, com apenas um olho pela janela e está nublado, frio e garoando. Então sabiamente se volta ao cobertor aquecido pelo seu corpo e começa a acordar por etapas. Obedecendo seus músculos com a idéia de levantar, tomando o café da manhã fleumaticamente e lendo todos os cadernos do jornal com calma. Não, Não Amigos! Este sábado não foi assim...

O neófito pai que está por vir, já começa a cometer suas loucuras (isto inclui e mãe é lógico). Acordar cinco e meia da manhã, fagocitar um café e seguir pela litosfera novamente rumo à capital, junto com sogra (com bursite!) e a cunhada (que não perde uma!). Agora para comprar matéria prima, para o quarto de Otto, que continua tranqüilo dando seus chutes e no quentinho ventre da Mãe.

Aproveitando a missão, fomos visitar a tradicional feira de Jardim da Penha, por sinal, feira faz muito bem, principalmente para os mais reclusos (que não é meu caso), pois trabalha a comunicação: O feirante (Olha o aipim boi, tá filet!, laranja lima, laranja pêra abaixou o preço! Olha o biscoito caseiro gente!, morango agora é um e cinqüenta!) E o cidadão: (não tá bonito não moço!, meu Deus tá muito caro! Não tem mexirica caipira não?, me vê um pastel de palmito e um caldo de cana! (do japonês é claro).

A feira mesmo em uma cidade maior é como se todos se conhecessem. É bate-papo por todos os cantos, principalmente entre os de fio branco nos cabelos, que são a maioria. Tem os meninos que carregam remuneradamente a feira, com seus carrinhos de mão se divertindo entre si, sendo um risco para as canelas desavisadas dos outros. Tem os candidatos a alguma coisa, com suas caras de ressaca de ontem, distribuindo seus santinhos e sorrisos cheios de tártaro. Em suma, o dito-cujo que entra em uma feira, dificilmente sairá dali com as mãos, a barriga ou os ouvidos vazios, para o fim de semana.

Na volta, fomos conhecer Domingos Martins, cidade colonizada por alemães vindo da Prússia Renana e que recebe o nome deste herói capixaba, que participou da revolução pernambucana. Cidade de clima e estilo europeu e que se encontrava em um Festival de inverno de música erudita e popular. A novidade foi comer Wurschten (lingüiças de porco, salada de batata com maça e repolho) em uma centenária casinha típica.

À noite, já em casa. Fomos a um aniversário contemporâneo de criança, de uma pequena fã de Hello Kitty. Teve a clássica brincadeira do vivo e morto, brigadeiro na colher, animador animado e muitos guris brincando e satisfazendo o orgulho de seus pais.

De um sábado nublado, deu para minha esposa conhecer o caro acrílico transparente laranja, minha sogra conhecer os efeitos benéficos dos analgésicos e antiinflamatórios, minha cunhada conhecer que chucrute é repolho e eu descobri que a coisa que mais quero no mundo é brincar com meu filho em uma próxima festa de aniversário de criança. Coisas da vida!...

Gilberto Granato

Nenhum comentário: