domingo, 13 de julho de 2008

Ximbinha e Ximbico


Pelo título e se você tem por volta de trinta anos, deve estar pensando que se trata de algum texto saudosista da época em que éramos pequenos e a Xuxa falava tudo com xsss.... E estes seriam dois indivíduos despercebidos da turma de dengue, praga e outros mamíferos fantasiados (que besteira!). Pois bem, vou lhes apresentar duas figuras do reino animal. Por ordem cronológica, comecemos por Ximbinha:

Ximbinha é filha de mãe vira lata e pai desconhecido. Sempre tive vontade de ter um cachorro e sempre soube que os vira latas eram os que menos adoeciam, mais eram fiéis aos donos e tinham uma boa resistência genética para encarar a vida quadrúpede. Quando soubemos, que em um sítio próximo haviam cachorros sendo doados, escolhemos uma cadela entre todos os filhotes, por ser a menor e mais raquítica. Suas qualidades, provavelmente devido a dificuldade em se amamentar e as investidas urbanas de sua mãe.

Em casa Ximbinha cresceu comendo de tudo, recordo-me até hoje da expressão “cão chupando manga”, pois vi este fato ocorrer ao vivo e ainda com direito ao caroço!. E não ficou só nisto. Deve ter devorado uns cinqüenta tipos de plantas, sendo que dentre todas, as preferidas eram as bromélias, talvez pelo seu gosto doce, não sei por que, também criou gosto por gafanhotos, que na época de migração atraídos pela luz, lotam o jardim e são presas fáceis. Criou uma afeição muito grande por crianças, principalmente pelo que elas carregam de gostoso nas mãos. Para não negar a vocação fértil familiar, em apenas uma fugida no cio, foi mãe de cinco filhotes, que hoje seguem suas vidas em outros lares. Seu brinquedo principal, são os chinelos havaianas velhos, jogue cem vezes e ela buscará cento e uma. Não houve também um só dia chuvoso ou tarde da noite em que tenhamos chegado em casa sem a recepção calorosa e chorosa desta motivada companheira, que também adora latir para os cavalos, os pedreiros e os fogos de artifício. Já presenciou momentos importantes, como o assalto da casa (provavelmente sem dar um latido), visitas de queridos familiares e amigos, chuva de granizo, a grande queimada do lote da frente, que afugentou os pássaros e a chegada de seu grande amigo Ximbico.

Ximbico também surgiu de forma gratuita “compre um kilo de ração e ganhe um gato”, seus pais não foram identificados e seu aspecto físico lembrava os “gremilins” do antigo filme de monstrinhos. As visitas tinham receio em pegá-lo por realmente estarem preocupadas com a sua saúde. A veleidade pelos gatos vem desde o período em que moramos no noroeste do Amazonas, aonde chegamos a ter uns seis felinos (Diroá, Ipadu, os irmãos Toxi e Plasmose e outro que não lembro o nome), todos falecidos, exceto Neranha que demos na nossa partida para uma manauara chamada Olívia, que cuidava de nossa casa de tábuas e em um último contato por telefone, disse que o desbravador Neranha (Dente em português) ainda se encontrava andando pelos muros.

Ximbico sempre teve gosto pela ração seguindo uma dieta balanceada de hora em hora, isto quando não está dormindo. Outros animais que se movem, sobretudo os pássaros, também estão no cardápio. As rolinhas são as presas mais fáceis e mais carnudas. Durante o dia dorme respeitosamente no canil de Ximbinha e a noite gosta de andar pelo matagal e dorme no sofá de entrada da casa. Em uma destas investidas permaneceu ausente uns quinze dias, achamos que assim como todo gato, já havia consumido suas sete vidas; Quando em uma noite apareceu miando e um pouco escabreado, ficamos felizes por seu retorno e começamos a notar que só se alimentava e dormia, quando em uma brincadeira notamos que ele não continha mais seus acanhados bagos, sabe-se lá como: foi castrado! Já suportou outras dificuldades: um dia ao abrir o porão, ouvi um miado ao fundo, por onde ficou singelamente por dois dias sem beber e comer, saiu de letra: se lambendo! Já matou duas cobras uma cipó e outra toda negra não identificada. Miar é outra coisa que gosta bastante seja por vontade de comer ou em resposta a um estímulo vocal humano.

No início da relação entre os dois, prevalecia o sentimento de estranheza e descoberta Ximbinha mordia o dorso de Ximbico fazendo-o dar voltas e mais voltas forçadas pelo jardim como se fosse um brinquedo. À medida que os dois cresceram deram demonstrações claras de que as diferenças poderiam ser apaziguadas, por outras emoções como o respeito, companheirismo e carinho, pois tirando as demonstrações de ciúme, nunca vi os dois brigarem ou trocarem uma farpa sequer.

Ximbinha e Ximbico mostram para qualquer Homo Sapiens (homem sábio) pertencente à família Homonidae de cérebro desenvolvido, que lhe proporciona raciocínio. Que é possível viver com diferenças, bastando para isso apenas boa vontade de ambas as partes.

Gilberto Granato

3 comentários:

Unknown disse...

Esse texto foi o "the best", muito bom, apresentou perfeitamente os nosso animaizinhos....tão lindos, tinha que ter uma foto dos dois juntinhos.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

uahuahauhauahu
este foi o melhor gil!
descrevel perfeitamente esses animais anjinhos q vc tem ai! principalmente a ximbinha, tão simpática q adora receber as visitas com uma boa e grande lambidinha!
auhuahuahauh

beijãoO
KELLY