Hoje vi no noticiário da TV, uma reportagem sobre os macacos prego, que estão invadindo casas e apartamentos atrás de alimentos na cidade do Rio de Janeiro, já que o inverno torna escassa a quantidade de frutos na mata Atlântica. E o prego sendo um dos mais inteligentes da América do sul, aproveita para tomar o café da manhã dos cariocas, que são muito bonzinhos, mas acabam prejudicando o animal, que se habitua com o fácil e deixa de buscar outras fontes de nutrientes em folhas e sementes.
Isto me fez lembrar do condomínio Jurucê e do Alto rio negro. O Jurucê é um conjunto de casas de madeira, no bairro dabarú, feitas para aluguel a bandeirantes, que se arriscam por aquelas regiões remotas. Ali junto com minha esposa passei grandes momentos de minha vida. Foi idealizado por Jerônimo e Janice, um paulista e uma paraense, ele trabalhava na secretaria da fazenda do Estado do Amazonas e ela na Receita federal do município de São Gabriel da Cachoeira, eram pessoas de caráter e humanas, não tinham filhos, mas tinham macacos! Uns quatros, todos da espécie barrigudo, típico da floresta amazônica; um em especial se chamava Beto, tinha o tamanho avantajado, brigava com as fêmeas, por isso não reproduzia e adorava uvas, que chegavam aquela região à preços inflacionários comparáveis ao do Zimbábue atual, comia do melhor, inclusive meus pés de alface, que insistia em plantar sob o clima tórrido da Amazônia. Todos ficavam em um complexo de jaulas, ligadas por corredores por entre as árvores, levavam uma boa vida e deixavam “seus pais” preocupados quando contraiam alguma gripe.
Nas minhas andanças pelas aldeias do Alto rio negro, conheci alguns macacos como o próprio barrigudo, o guariba, os berrantes e pequenos zog zog, caiarara e outros que não recordo o nome. Um barrigudo travesso uma vez teve a audácia de fazer suas necessidades em minha rede, que prejudicou meu sono, devido à dificuldade em secá-la em um dia chuvoso na floresta. Os povos Werekena e Baré do Rio xié, afluente do rio negro, tem o costume de comer a carne de macaco, experimentei por várias vezes, o cheiro não é agradável, o paladar também não, ainda mais feito cozido, para render o caldo para todos da tribo, pelo menos não eram os povos Yanomami, que comem com as vísceras e tudo. Mas alimenta e é presa fácil diante de uma zarabatana enriquecida com curare.
Certo dia de sol, na pitoresca casa de número quatorze, acordamos com um desses prego do rio de janeiro, creio que de uma família diferente é claro! Acorrentado nas estruturas de madeira, que erguiam a casa e ficamos encucados! Será que erraram de casa? Acharam-no perdido? Um churrasco surpresa? Tentamos fazer amizade, fornecemos algumas guloseimas, até uma aproximação acanhada, mas definitivamente: cuidar de um primata exige cautela semelhante aos de nossa espécie!
Talvez por achar que seríamos um casal com perfil paternal para cuidar de tal “animalzinho doméstico” o nosso querido casal de empreendedores da floresta achou que seríamos bons pais, mas o pequeno prego teve que buscar um outro lar para ser feliz.
Gilberto Granato.
Isto me fez lembrar do condomínio Jurucê e do Alto rio negro. O Jurucê é um conjunto de casas de madeira, no bairro dabarú, feitas para aluguel a bandeirantes, que se arriscam por aquelas regiões remotas. Ali junto com minha esposa passei grandes momentos de minha vida. Foi idealizado por Jerônimo e Janice, um paulista e uma paraense, ele trabalhava na secretaria da fazenda do Estado do Amazonas e ela na Receita federal do município de São Gabriel da Cachoeira, eram pessoas de caráter e humanas, não tinham filhos, mas tinham macacos! Uns quatros, todos da espécie barrigudo, típico da floresta amazônica; um em especial se chamava Beto, tinha o tamanho avantajado, brigava com as fêmeas, por isso não reproduzia e adorava uvas, que chegavam aquela região à preços inflacionários comparáveis ao do Zimbábue atual, comia do melhor, inclusive meus pés de alface, que insistia em plantar sob o clima tórrido da Amazônia. Todos ficavam em um complexo de jaulas, ligadas por corredores por entre as árvores, levavam uma boa vida e deixavam “seus pais” preocupados quando contraiam alguma gripe.
Nas minhas andanças pelas aldeias do Alto rio negro, conheci alguns macacos como o próprio barrigudo, o guariba, os berrantes e pequenos zog zog, caiarara e outros que não recordo o nome. Um barrigudo travesso uma vez teve a audácia de fazer suas necessidades em minha rede, que prejudicou meu sono, devido à dificuldade em secá-la em um dia chuvoso na floresta. Os povos Werekena e Baré do Rio xié, afluente do rio negro, tem o costume de comer a carne de macaco, experimentei por várias vezes, o cheiro não é agradável, o paladar também não, ainda mais feito cozido, para render o caldo para todos da tribo, pelo menos não eram os povos Yanomami, que comem com as vísceras e tudo. Mas alimenta e é presa fácil diante de uma zarabatana enriquecida com curare.
Certo dia de sol, na pitoresca casa de número quatorze, acordamos com um desses prego do rio de janeiro, creio que de uma família diferente é claro! Acorrentado nas estruturas de madeira, que erguiam a casa e ficamos encucados! Será que erraram de casa? Acharam-no perdido? Um churrasco surpresa? Tentamos fazer amizade, fornecemos algumas guloseimas, até uma aproximação acanhada, mas definitivamente: cuidar de um primata exige cautela semelhante aos de nossa espécie!
Talvez por achar que seríamos um casal com perfil paternal para cuidar de tal “animalzinho doméstico” o nosso querido casal de empreendedores da floresta achou que seríamos bons pais, mas o pequeno prego teve que buscar um outro lar para ser feliz.
Gilberto Granato.
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