segunda-feira, 7 de julho de 2008

Os ventos de Sergipe


Os dias vão nos enganando, mas o mês de Santo Antônio, São João e São pedro não passou em branco. O despercebido Estado do Sergipe, isto porque, quando falamos de nordeste é um dos destinos menos lembrado, agora nunca mais será esquecido, sua bandeira é parecida com a de Goiás, seu sotaque é próximo do pernambucano, mas a sua dinâmica de vida é única!

Antes de tudo é bom o viajante já preparar seu estômago, portanto ao chegar já coma carne de sol, pirão de leite, farinha d’água e é claro com muita manteiga de garrafa assim o viageiro juntará as forças necessárias para entender o sergipano.

Ao acordar no sábado de manhã vá à praia principal de atalaia, pois fica praticamente deserta, poucos carros, caminhe, caminhe, apenas caminhe se possível de traje de banho, respire fundo, sente em um dos banquinhos da bela e estruturadíssima orla e agradeça por estar ali, depois de descansar leia o jornal da cidade que é pequeno e vale por dois dias, o vento tentará te deter, então relaxe e tente outras investidas mais tarde sentado a beira de um quiosque comendo um belo caranguejo. Não dispense as castanhas de caju que lhe serão oferecidas, afinal ela chega a você sem intermediários. À noite a movimentação é maior afinal de contas é o mês do triangulo, sanfona e zabumba o verdadeiro e autêntico forró e o sergipano vem se preparando à tempo para estes dias, já comprou seus foguetes, já conseguiu lenha para acender sua fogueira na porta de casa, espigas de milho, amendoim, tapioca doce... tudo como se fosse um dia de natal, e é com o fim da luz do dia, que toda esta química começa a reagir, ao estopim do primeiro toque do triangulo, onde todos dançam sem olhar para os lados e só param quando o trio para, isto quando para! Também tem espaço para a ciranda, o samba de roda, as bandas de pífano e os escritores de cordel; durma cedo, mas antes não deixe de comer uma tapioca recheada com o que você quiser.

Escolha um dia para visitar o sertão, por entre vilarejos, pequenas cidades e muitos buracos, você verá a caatinga verde, muito diferente das caatingas retorcidas dos filmes sertanejos, verá o mandacaru reinando e se sentirá um cangaceiro, pois passará de onde lampião bateu as botas e lá estará escrito: “Me chamo virgulino Ferreira Lampeão, manso como um cordeiro, bravo como um leão, trago o mundo em reboliço, tenho a cabeça de trovão”; com o aparecimento do xique xique saiba que a proximidade com o rio São Francisco é eminente; Ah o velho Chico! Suas águas claras e belas, navegue por entres seus canyos e seus mistérios, aproveite a paisagem e já no retorno você entedera um pouco melhor Guimarães Rosa e Euclides da Cunha.

Não vá embora sem antes ir ao mercado municipal, vá de ônibus é o meio perfeito para ver a mistura de semblantes sergipanos e lá andar entre as mangabas, a puba, o coco sergipano, as castanhas, os tradicionais artesanatos de cerâmica e as ervas que curam tudo e é claro não deixe de voltar de táxi, pois o taxista é sempre uma das maiores fontes de informação política e social de uma cidade.

Já estive em alguns lugares que ventam: os da Amazônia são um sinal de grande chuva a vista, os da patagônia tentam te expulsar de qualquer jeito, os de Castelo é um sinal que o mês de agosto está chegando e os de Sergipe são um convite para uma caminhada á beira da praia.

Gilberto Granato

Um comentário:

Unknown disse...

Grande amigo Gil,
parabéns pelo blog ele tem a sua cara. Até previsão do tempo tem! Os textos estão claros e por que não dizer, poéticos.
Agora eu lhe pergunto, e os ventos do Mato Grosso??????