segunda-feira, 17 de agosto de 2009

La salvación

Minha vida em São Gabriel da Cachoeira. Rio Içana. Lembrei. Boa lembrança. Eu, um médico, uma gaita e uma cabeça de capivara em decomposição, subindo a mata ainda virgem de uma política de saúde séria no alto rio negro. Estava muito bem equipado: com uma cartela de paracetamol faltando um comprimido e alguns buticões de duas décadas atrás. Era movido pela empolgação típica da inexperiência e pela vontade de fazer o bem. Trinta dias de suor e pium massacrando. No regresso o óbvio. A demanda voraz foi centena de vezes maior que a medicina do branco, que a minha vontade, que o meu tirocínio. Quiseram me enforcar. Este médico matuto me salvou. Foi me dado alguns rounds a mais. Teve até homenagem no final. Agora estou aqui.

Já a cabeça de capivara não.
Não agüentou a soda cáustica!


Gilberto Granato
(citando “morfeu” de médico de selva)

2 comentários:

oca maluco disse...

acho que era uma neura por incisivos de capivara. Uma cabeça perebenta com um cheiro tenebroso...aí,então, a cabeça caiu no rio, graças a deus, mas o odontofilo mergulhou e trouxe de volta o troféu.
Masnão é que capivara tem mesmo uns incisivos lindos, brancos, lustrosos.
(êta,cabeça horrorosa)

Unknown disse...

Por falar em São Gabriel.. Que bom que a filha do nosso amigo francês nasceu.. São Gabriel deixando rastros pelo mundo...