sábado, 4 de julho de 2009

Na praça

Estou procurando a barraca de pastéis. Tà uma trânsito de castelenses desordenado neste epicentro, onde já funcionou uma estação ferroviária, provavelmente muito mais calma que isto. Onde é que é a porção de tilápia? Me vê uma cerveja? Aqui é a barraca de doces meu filho bebidas é a do lado. Onde é que tem aquela porção de quibe, queijo e polenta? Quanto custa? Ta aí no papel não tá vendo não!...

Finalmente encontro a barraquinha de pastéis e lá estão duas senhoras* se esforçando ao máximo para atender a fúria gastronômica do povo nesta premiere de fim de semana.

- Me vê um pastel de queijo, por favor?
- Pastel de queijo?
- isto mesmo
(...)
- Você quer pastel de que mesmo?
- de queijo.
- A tá, este é de carne. Faz um de queijo aí!
(...)
- Você quer pastel de que mesmo?
- de queijo.
- A tá, este é de carne. Faz um de queijo aí pro moço!
(...)
- Você quer pastel de que mesmo?
- de queijo. (cheguei a pensar em ficar com o de carne)
- A tá, este é de carne (acho que a maioria deste povo comeu de carne). O de queijo anda!
(...)
- Tá aqui o de queijo!
- Obrigado senhora.
- Desculpa a demora tá meu filho! (sorriso)

* Bem velinhas, com a pele bem enrugadinha, o corpo franzino, já curvando para os pés, sorrisos acolhedores, movimentos lentos, cabelos brancos, crucifixos no peito, Suas gerações anteriores provavelmente atravessaram o atlântico na marra, quem sabe os bantos da África centro-ocidental, que talvez chegaram em salvador e depois vieram descendo após várias insurreições, aí veio a assinatura da filha do barbas brancas Dom Pedro II, então tudo ficou mais ou menos fácil, muito chão até chegar aqui no sul do estado para trabalhar nos cafezais dos imigrantes, foram ficando e agora estão ali fazendo trabalho voluntário para arrecadar fundos para instituições sociais da cidade, como se nada tivesse acontecido há 509 anos atrás.

Fatos intrínsecos da história meu jovem leitor:

Todo mundo envelhece nesta vida, fica mais sábio em algum grau e depois vai perdendo a memória.
Ás vezes uma outra opção acelera a sua vida nem que ela não seja do seu gosto.
Esperar é foda, mas é saber viver.



Gilberto Granato, é branco, mas tem origens negras.

3 comentários:

Anônimo disse...

Caro Gil, essa é nossa terra, dos filhos deste solo tu és mãe gentil pátria amada Brasil, história escrita com muito suor e sangue...
agora é a nossa vez de fazer história, de transforma esse país num lugar seguro, justo e de oportunidades para nossos filhos viverem.
Parece utopia mas disseram o mesmo a 509 anos atras, quando avistaram o Monte Pascoal, "chegamos às índias"

nós somos a Geração da transformação!

bjs
kblo

Unknown disse...

Acho que no meu caso eu devo ser que nem o Benjamim Button do filme do Brad Pitt. Envelhece ao contrário! Eu já perdi a memória quando nasci e agora que estou mais maduro a estou recuperando de novo....um dia eu QUASE a encontrei!!

Michele disse...

Gil, sabe de uma coisa, eu acho que você deveria ter pego o pasteu de carne desde a primeira vez que a doce "velhinha" te perguntou, às vezes, ou melhor, muitas vezes, devemos ouvir a voz da experiência, assim provalvelmente, teremos menos aborrecimentos e consequentemente, menos rugas ecabelos brancas aparecerão.
Um grande beijo!!!