quinta-feira, 16 de julho de 2009

Bucólico

Bucólico é aquela palavra da nossa gramática, que quando agente é guri e não sabe o que é, acha elegante, madura, impressionista, aí sem querer você aprende mais ou menos o significado, ou toma vergonha e vai até o pai dos burros aprender. Depois é só ficar esperando aquele encontro com os amigos e arriscar ela no meio de uma frase de impacto, pronto, todo mundo vai ver que você cresceu, evoluiu, aviltou, não é mais um menino, pois já sabe o que é bucólico, é um homem formado! Mas eu tenho uma versão mais fresquinha do que é bucólico.

Cheguei de manhã no meu primeiro trabalho, para tentar melhorar a saúde das pessoas e continuar entortando a minha. Meu estabelecimento fica numa esquina, eu escolhi, me apaixonei por ela desde a primeira vez qua a vi, e por seus problemas também, onde posso ir além das quatro paredes, conversar com a vizinha que me dá uma maionese deliciosa na frente, discutir os problemas do bueiro com o do lado e definir de quem é o IPTU com a de trás. Dali ouço o carro de som que diz quem morreu, recebo um tchauzinho dos que caminham, sinto o chão tremer com os caminhões e seus excessos de peso... mas deixando os meus deslumbramentos de lado. O que me impressionou hoje foi o rosto preocupado de minha auxiliar, que ofegante e agitada contou-me a seguinte história.

Ao chegar mais cedo, enquanto ajeitava a “bagunça” (com eufemismo, por favor), que faço todo dia, ouviu uma batida forte na porta de vidro da frente, pensou ser o primeiro paciente chegando e continuou o processo de restauração, do consultório logicamente. Mais uma batida, mais uma, mais outra e cada vez mais forte! Foi até lá para identificar o propietário daquele estrondo. Algum transeunte enfurecido? Uma dor de dente aguda? Um louco? Em uma esquina tudo pode acontecer. Ela foi em direção a recepção e qual não foi sua surpresa ao ver um boi, segundo ela preto e branco, dando cabeçadas na porta tentando entrar. Isto mesmo, repito, um mamífero, artiodáctilo e ruminante bem na minha porta, sabe-se lá como. Diz que tinha até um muntuado de gente lá na outra esquina só de olho na cena, éh, virou atração a minha esquina. Mas um copinho de água afugentou o bichano, que voltou para sei lá aonde e as coisas voltaram mais ou menos ao normal, entende?

Não?

São coisas de eqüinas meu caro leitor!
Coisas de esquinas.
Bucólico não?



Gilberto Granato, adora uma picanha bem gordurosa.

Um comentário:

Unknown disse...

Isto me lembra da arara do bairro Areial que insistia em querer entrar no consultório da Cinthia, dos morcegos no meu consultório do Pantanal, da cobras que insistiam em entrar no dormitório nos chiquitanos e das vacas que insistiam em comer minhas roupas que ficavam de molho... Saudades destes tempos em que ainda se tinha tempo para contemplar lentamente estes acontecimentos.. Parar e brincar com a arara, observar a cobra, ver o morcego voar ou atender com ele voando mesmo e correr atrás das vacas.. Eita passatempo baum!!!!!!
Me deu inveja!