segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Caganeira de criança

De longe se sente o cheiro
Cítrico, meio azedo, fruto do seu herdeiro.
O berço coitado, vira uma fábrica de chocolate
E o coração de pai, bate, bate...

De lá se tira com cuidado
Para que o balançar não derrame mais o caldo
Corre-se até a pia, lava, ensaboa e enxuga.
Que a sinfonia de um doído choro aprofundará a ruga.
Você agora é o operário da máquina de montagem
Do setor que coloca fraldas sem contagem
Devagarzinho o quarto vai ficando vazio
Foram todos tomar banho de tanque e pegar sol na varanda.
Só porque meu filho um esfíncter não comanda

O dia passa e é hora do neném dormir.
Os pais estão enfadados, a de convir.
Até que novamente chegue a hora de abrir
A porta, lembranças de um souvenir.
E de longe sentir o cheiro
Igualzinho ao primeiro, do seu herdeiro.
O berço mais uma vez em chocolate
E o coração de pai que só, bate, bate...



Gilberto Granato

Um comentário:

Unknown disse...

rsrsrsrsr.... ser pai é isto aí, gil. Agora faz um sobre o vômito!!! ahahah