domingo, 13 de dezembro de 2009

Omi que é omi (continuación)

Tem crônica que vem até você. Aparece igual aquelas assombrações do passado na fila de hortifruti ou no check in do avião. Estou ouvindo os chamados desesperados e indecifráveis em duas sílabas. A primeira era a tônica, que dava pra entender o Á..., a segunda esforcei-me, mas era impossível. Podia ser Dario, Mario, Malcom... Sei lá, não importa (vai que o vizinho é meu leitor). Só sei que os chamados foram se tornado mais avigorarados, insistentes, chegando ao melodrama. Sem ver, percebi que se anunciava um roteiro trágico da vida entre os sexos.

Os berros agora deixavam as duas sílabas bem tônicas e se tornavam mais freqüentes. A moça estava prestes a ter um “piti”, teria que fazer alguma coisa e logo. O tal sujeito meu vizinho de duas sílabas, fingia que não era com ele. Estava no seu quintal ouvindo música caipira (que mais tarde estranhamente viraria racionais). Lembrei do caso do “Pedro me dá meu chip!” que fez sucesso recentemente na internet, pensei em pegar uma câmera, mas vendo que a consorte já preparava uma ação instintiva, adiantei-me e fui até a rua ver o que era. Ao chegar encontro uma bela moçoila, morena, magra, com as “coisas em ordem”. Devia ter passado a pouco pelos ritos de passagem da juventude. E vendo sua aflição dei a pior sugestão possível que alguém sã poderia dar: Pula o muro! Ela espantada retrucou-me: Não posso, tem cachorro. Eu mais estupidamente ainda falei que o som lá atrás estava alto, porisso não devia ouvir os seus sussurros (com eufemismo, por favor). Pronto, pra que. A pequena se pôs a chorar. Chorar lágrimas e mais lágrimas da inocência e obviamente confidenciou-me: Ele não quer falar comigo! Calei-me. Já tinha ido longe demais com a minha psicologia tapa buracos.

Fui à rua comprar duas cervejas pra mim e angu com molho para o meu passarinho que dormia. Na volta, lá sentadinha, ainda se encontrava a pequena Potira. Agora mudando a tática, quietinha igual felina esperando para dar o bote. Omi que é omi da espécie solteiro, numa ocasião dessas chamaria a pequena para um “chazinho” e daria uns bons conselhos tapa buracos. Mas omi que é omi tipo eu, corre em direção ao controle remoto, seu porto seguro.

Um tempo passou e molhando as plantas ressequidas pelo “El nino”. Notei que Ximbinha insistentemente latia, fui averiguar e surpreendentemente vi a bela mulatinha descendo a ladeira. Só lhe faltavam os saltos altos e a purpurina, para explodir o repique e abrir um belo desfile de samba. Descia conformada, ou talvez pensando em algo mais maquiavélico para mais tarde. Fitou-me e educadamente pediu desculpas bem assim: Desculpa moço! Meiguice da fase. E foi embora como se nunca tivesse chorado ou se decepcionado com uma paixão desproporcional. Pois mal sabia ela que as rugas e as dores do amor ainda estariam por vir... Pois sabe como é...

Tem coisa que “Omi que é omi” não muda muito não.



Gilberto Granato.

2 comentários:

Michele disse...

Caro cronista, atire a primeira pedra quem nunca passou por isso, não é memo?
E pra ser sincero é algo que já faz parte do "processo de Evolução" da espécie Humana.A "triste" moçoila hoje já deve está sendo consolada por outro omi de duas sílabas.
Abraços meu amigo!!!!

Anônimo disse...

È cara, as vezes umas cervejas bem gelada vem bem a calhar!
jason