segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Joelho

Ah joelho arteiro
Que em mais uma jogada
Fez-me refém por inteiro
Eu sei amistoso joelho é falta de zelo
É arranca rabo antigo
Do seu fêmur e a dona tíbia
Um estalido certeiro.
E vão se embora os sentimentos,
Os ligamentos, os cruzamentos...
Ficam os ressentimentos

O joelho arteiro, quando arteiro.
Tira-nos das quatro linhas
Nas mãos dos companheiros
Leva-nos ao parquinho com os filhos
Estreita a relação entre o homem e os patos
Flexiona-nos ao boteco aos domingos
Faz-nos ler com calma o caderno de economia
E a procurar aulas de inglês
E assim diminuir o risco
De importunar mais uma vez o menisco

Até que chega a hora, a melhora.
Volta a flexão, a extensão,
Só lembranças remotas da contusão
Pobre desilusão.
Que agora sim vai chorar as mágoas
Nos receituários dos médicos
Nas mãos frias das fisioterapeutas
E nas lembranças daquele tempo
Em que dor de joelho era coisa de gente mais velha
Que nem sabia o que era patela.


Gilberto Granato, torceu o joelho pela terceira vez.

Um comentário:

Unknown disse...

AHAHAHAH!! Esta foi boa.. Bem poético. Eu te falei que este negócio de futebol não era coisa boa não. Ainda mais agora depois de velho. De qualquer maneira, você com problemas no joelho e eu no pescoço..... Qualquer dia destes escrevo um poema para o meu pescoço e o meu ombro direito também, ambos estalando o dia inteiro e eu sem saber aonde isto vai parar......
Já se foram os dias que a gente pulava aquela rampas enormes de skate e caía em pé, sem que o joelho desse uma reclamada...
é, a idade chegou!!!