domingo, 4 de julho de 2010

Fábula

Acordei. Com sede! Ressaca talvez. Fui até a geladeira uma vez tindolelê, outra vez tindolalá, tudo vazio, olhei na dispensa e nada. O jeito foi ir ao tororó beber água. No caminho quem encontro bem no meio da rua? O bicho do mato. Ele mesmo, que minha mãe dizia ser terrível, horrendo e horripilante. Agora anda de cabelo arrepiado “tipo neimar do time do Santos”, camisa gola pólo da soldadinho de chumbo, bermuda da “BN modas” (Branca de neve modas), cinto preso no terceiro buraco, meias “peixe vivo e cia” , barba aparada, perfumado, separou-se da bela adormecida (não quis dizer porque) e anda na companhia de três porquinhos. Perguntou-me: Vistes sambalelê? Sim, claro, Tá com a cabeça quebrada. Acho que ficou surpreso com a notícia, atirou um pau no gato e saiu correndo. Fiquei espantado com aquela pressa toda, mas ao olhar pra trás, notei que tinha um quartel pegando fogo e a polícia deu sinal pra eu seguir o mesmo rumo. Parei num bar de esquina que se chamava Aladim, onde escravos de jó jogavam caxangá, um tal de zé pereira tinha bebido demais e atrapalhava a jogatina, de tanto tira e bota, acabou que deixaram o zé pereira ficar. Sentei-me e fiquei a conversar com um excêntrico casal, que diziam ter uma fábrica de calçados no mundo de Oz, chamavam-se gato de botas e gata borralheira. Vendo que o assunto ia longe e pra num dar uma de patinho feio, sai de mansinho, pois o caminho era longe e a estrada deserta, e o lobo mau sabe como é né? Tinha que me apressar, já havia perdido muito tempo, entrei em uma rua cheia de buracos, que se fosse minha eu mandava ladrilhar, até que cheguei na mercearia do seu tororó, mas antes no segundo andar, bem na janela, sua filha Rapunzel (um pedaço de mal caminho) jogava-me as tranças, ao ver minha aliança recolheu-as prontamente ressabiada, dei a meia volta, volta e meia e fui até o balcão, onde uma galinha dos ovos de ouro repousava, perguntei:

- Seu tororó uma água, por favor!
- Acabou meu filho.
- Mas como seu Tororó? Eu vim de longe.
- Este aí chegou primeiro e tomou a última.

Olhei e vi que era uma tartaruga. Ela olhou-me com um sorriso irônico e disse:

- Você que é a tal da Lebre, não é?



Gilberto Granato, tem dois filhos e anda sem tempo para a não ficção.

3 comentários:

Anônimo disse...

É só o começo papai!!!! Deixa as ferinhas crescerem mais, e vc além de sem tempo vai ficar sem cabelos, sem paciência, sem pre alerta, sen tado à noite esperando eles chegarem das baladas, etc.... rsrsrs
Bjis, consorte.

Anônimo disse...

O que o Otto e Tom estão conseguindo do papai:
Relembrar as personagens dos contos de fada,canções de ninar,revistinha infantil...
Que belo!!!
Aproveita enquanto eles são pequeninos porque depois a coisa
complica.
Um beijão!
Tia Gogóia

Unknown disse...

Agora vc está começando a entender o que é falta de tempo, não é meu amigo???? E a exposição sobre Eisten no Palácio Anchieta, vai?