quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Manual do betume

Você meu leitor. Leva a família novamente para um passeio de carro pelo Brazilzão. Andar pelas estradas verdes e amarelas requer cuidados, tem MST e tem também suas letras isoladas, lama, saco plástico, ponte caída, quase caindo, balsa, atalho, boi, policial (nas horas sem sol) e bicho morto pra dedéu. O que acontece é que você que vive em um grande ou meio-centro, quanto mais distante você se distancia dele, da sua cidade matriz, do seu sofá, do controle remoto, mais diluída será a força centrípeta da razão, a aplicação dos seus impostos e maior é aquela buraqueira que aparece no asfalto, ou melhor, betume como propõe o título. Esta doença incurável que assola todos os pontos cardinais do país. E que para você leigo neste material aglutinante escuro e reluzente, de estrutura sólida, constituído de misturas complexas de hidrocarbonetos não voláteis de elevada massa molecular, será de grande valia para conhecer melhor esta patologia sem vacina.

O causador desta lambança toda são os patógenos, ou micróbios como preferir. Os pertencentes à classe das chuvas, ventos e sol escaldante são perigosos, mas o mais agressor é o caminhão com excesso de todo tipo de peso. Que gera com o passar do tempo pequenas trincas, fissuras, brechas na superfície daquele derivado do petróleo bruto, que se não cuidada através de um simples selamento, vão se tornando maiores e mais infectadas, podendo levar o condutor desde a um leve desentendimento com a consorte, uma troca de pneu furado, ou até a uma visita precoce aos céus ou a fonte do petróleo lá embaixo. Portanto para a recuperação do alcatrão, desculpe, asfalto, é necessário primeiramente a remoção das áreas desapoiadas ao seu redor e em seguida adotar uma boa limpeza do buraco, removendo todo tipo de impurezas, como pedras, lama, papel de bala, guimba de cigarros e gomas de mascar usadas. Logo após, faça a texturização em todo o trecho com o retentor do kit de máquinas específico (que também contém o amassador e o aplainador). Depois passe duas camadas generosas de piche líquido e deixe secar (enquanto isto espere embaixo de uma árvore, ou ajude a atrasar o trânsito com uma bandeirinha). Feito isto, finalmente coloque o material obturador novo, de preferência do pré-sal (se você lê isto no futuro) e se possível sem superfaturamento, para não impedir novas intervenções em outros locais sem a força da gravidade, siga a sequência do kit de máquinas conforme o manual do fabricante e dias depois de o polimento fazendo as faixas centrais e laterais da rodovia. E prontinho, pode sorrir à toa.

Ah! E não esqueça de voltar ano que vem para a revisão

È que sabe como é...

Pode dar um probleminha!

(Ao dia mundial do dentista e ao dia do dentista)



Gilberto Granato, é dentista de vez em quando.

2 comentários:

Unknown disse...

Dia do dentista...é estou por fora mesmo!!!!
Só esqueceu que a cavidade tem que ser em formado preconizado por Black e as bordas necessitam de um bisel para organizar os cristais de alcalopetropsitas e permitir uma durabilidade da restauração.
Estou lembrando agora do asfalto de São Gabriel da Cachoeira que afundava só de apoiar o descanço da moto... só nos rincões do brasil mesmo!!!!!!!1rsrsrrsr

Anônimo disse...

'e isso ai, o plastico dominara o mundo
jason