
Ah joelho arteiro
Que em mais uma jogada
Fez-me refém por inteiro
Eu sei amistoso joelho é falta de zelo
É arranca rabo antigo
Do seu fêmur e a dona tíbia
Um estalido certeiro.
E vão se embora os sentimentos,
Os ligamentos, os cruzamentos...
Ficam os ressentimentos
O joelho arteiro, quando arteiro.
Tira-nos das quatro linhas
Nas mãos dos companheiros
Leva-nos ao parquinho com os filhos
Estreita a relação entre o homem e os patos
Flexiona-nos ao boteco aos domingos
Faz-nos ler com calma o caderno de economia
E a procurar aulas de inglês
E assim diminuir o risco
De importunar mais uma vez o menisco
Até que chega a hora, a melhora.
Volta a flexão, a extensão,
Só lembranças remotas da contusão
Pobre desilusão.
Que agora sim vai chorar as mágoas
Nos receituários dos médicos
Nas mãos frias das fisioterapeutas
E nas lembranças daquele tempo
Em que dor de joelho era coisa de gente mais velha
Que nem sabia o que era patela.
Gilberto Granato, torceu o joelho pela terceira vez.